RESENHA BD
Zone Komics: Warper e Contacto
07-11-2019
Duas propostas de leitura de banda desenhada, vindas da Zone Komics. Um projeto editorial que surgiu para dar espaço a novas vozes que se querem afirmar na banda desenhada portuguesa. Algo que é muito interessante, o procurar criar condições para fazer os seus trabalhos chegar aos potenciais leitores. Por outro lado, estamos a falar de autores novos e algo inexperientes, com trabalho prometedor mas ainda muito verde. No fundo, um trabalho similar ao da H-alt, embora apostando em diferentes formatos.
Isso nota-se nas suas edições. Nota-se o entusiasmo, mas também as falhas naturais aos níveis narrativo, gráfico e estético. Há que ler estas propostas sob essa lente. Não as podemos comparar a obras mais maduras, mas também não podemos deixar de apontar as falhas que têm. Como leitores, rejeitar liminarmente estas edições por serem ainda muito simplistas e pouco refinadas é receita certa para garantir que não haverá renovação de talentos na banda desenhada.
As duas propostas da Zone Komics mostram bem a dicotomia deste tipo de projetos. São divertidas, cheias de entusiasmo e revelam talentos prometedores. Por outro lado, mostram inexperiência gráfica e problemas de construção narrativa. Mas, felizmente, editam, e fazem ouvir a sua voz. Poderia rejeitar estas leituras pelos seus problemas, ou descartá-las com um simples ya, tá giro. Mas se estes autores têm a coragem de tirar os seus incipientes talentos da gaveta (hoje a metáfora mais apropriada seria numa pasta do disco ou servidor na cloud), os leitores têm de os saber escutar. Ainda há o risco destes trabalhos não passarem de juvenilia, destes autores abandonaram o campo e seguirem vidas noutras áreas, mas isso é mais uma razão para os acarinhar, embora mantendo o sentido crítico.
Duas propostas de leitura de banda desenhada, vindas da Zone Komics. Um projeto editorial que surgiu para dar espaço a novas vozes que se querem afirmar na banda desenhada portuguesa. Algo que é muito interessante, o procurar criar condições para fazer os seus trabalhos chegar aos potenciais leitores. Por outro lado, estamos a falar de autores novos e algo inexperientes, com trabalho prometedor mas ainda muito verde. No fundo, um trabalho similar ao da H-alt, embora apostando em diferentes formatos.
Isso nota-se nas suas edições. Nota-se o entusiasmo, mas também as falhas naturais aos níveis narrativo, gráfico e estético. Há que ler estas propostas sob essa lente. Não as podemos comparar a obras mais maduras, mas também não podemos deixar de apontar as falhas que têm. Como leitores, rejeitar liminarmente estas edições por serem ainda muito simplistas e pouco refinadas é receita certa para garantir que não haverá renovação de talentos na banda desenhada.
As duas propostas da Zone Komics mostram bem a dicotomia deste tipo de projetos. São divertidas, cheias de entusiasmo e revelam talentos prometedores. Por outro lado, mostram inexperiência gráfica e problemas de construção narrativa. Mas, felizmente, editam, e fazem ouvir a sua voz. Poderia rejeitar estas leituras pelos seus problemas, ou descartá-las com um simples ya, tá giro. Mas se estes autores têm a coragem de tirar os seus incipientes talentos da gaveta (hoje a metáfora mais apropriada seria numa pasta do disco ou servidor na cloud), os leitores têm de os saber escutar. Ainda há o risco destes trabalhos não passarem de juvenilia, destes autores abandonaram o campo e seguirem vidas noutras áreas, mas isso é mais uma razão para os acarinhar, embora mantendo o sentido crítico.
Warper, Diogo Mané
Houve um pormenor que achei fortemente irritante neste Warper #01. O não ter um final de aventura, essencialmente o sentir que é um arranque de uma história mais longa. Porque foi um livro que soube a pouco. Mostra a tendência contemporânea dos novos talentos da BD portuguesa de adoção do estilo mangá, o que não surpreende, dado ser a iconografia que os influenciou. Algo cuja influência está muito clara nesta obra, entre o grafismo e a estrutura narrativa, com episódios curtos e cheios de ação.
Não há muito contexto nesta obra, somos logo mergulhados em ação pura, seguindo a luta de um homem com poderes, a defender uma princesa de espírito independente durante um ataque-surpresa à nave do pai, que acabará por perder. Muita ação, mas pouco aprofundar quer das personagens quer do mundo ficcional, o que é outro ponto pouco positivo de Warper. No entanto, sente-se que é uma obra com espaço para crescer. Apesar da narrativa simplista e um traço demasiado alinhado com o visual mangá genérico, a história tem garra e potencial.
Contacto, Liliana Maia
Espero não estar a ser injusto ao escrever estas linhas, mas este trabalho, apesar de editado, ainda está muito longe da qualidade que se espera de um livro. Escrevo isto de um ponto de vista positivo. Este não é, de todo, um daqueles livros em que o mundo ficaria muito melhor se o seu autor se tivesse dedicado à pesca, e não à expressão. É notório um enorme potencial, especialmente plástico, neste trabalho de Liliana Maia. No entanto, esta jovem autora tem ainda muito para percorrer e desenvolver. Ao nível gráfico, tem o mais essencial, um estilo próprio que é notório que se está a desenvolver. Faltam alguns elementos estilísticos, especialmente ao nível do desenho de figura humana, onde se nota que há um caminho a percorrer.
Onde a história falha é na estrutura narrativa. Aqui, a necessidade de aprendizagem é muita, este livro está cheio de cenas descontextualizadas, e uma forte desconexão narrativa. Junte-se a isto um lettering mau, mas apesar das falhas, não consigo ver aqui um mau livro. Vejo um estilo gráfico ainda cru, leio uma história com interesse, apesar de mal contada. Em suma, vejo coragem e potencial, esperando que a autora não se fique pelo seu corrente nível de capacidades e saiba fazer evoluir o seu trabalho até outros patamares.
Artur Coelho
Houve um pormenor que achei fortemente irritante neste Warper #01. O não ter um final de aventura, essencialmente o sentir que é um arranque de uma história mais longa. Porque foi um livro que soube a pouco. Mostra a tendência contemporânea dos novos talentos da BD portuguesa de adoção do estilo mangá, o que não surpreende, dado ser a iconografia que os influenciou. Algo cuja influência está muito clara nesta obra, entre o grafismo e a estrutura narrativa, com episódios curtos e cheios de ação.
Não há muito contexto nesta obra, somos logo mergulhados em ação pura, seguindo a luta de um homem com poderes, a defender uma princesa de espírito independente durante um ataque-surpresa à nave do pai, que acabará por perder. Muita ação, mas pouco aprofundar quer das personagens quer do mundo ficcional, o que é outro ponto pouco positivo de Warper. No entanto, sente-se que é uma obra com espaço para crescer. Apesar da narrativa simplista e um traço demasiado alinhado com o visual mangá genérico, a história tem garra e potencial.
Contacto, Liliana Maia
Espero não estar a ser injusto ao escrever estas linhas, mas este trabalho, apesar de editado, ainda está muito longe da qualidade que se espera de um livro. Escrevo isto de um ponto de vista positivo. Este não é, de todo, um daqueles livros em que o mundo ficaria muito melhor se o seu autor se tivesse dedicado à pesca, e não à expressão. É notório um enorme potencial, especialmente plástico, neste trabalho de Liliana Maia. No entanto, esta jovem autora tem ainda muito para percorrer e desenvolver. Ao nível gráfico, tem o mais essencial, um estilo próprio que é notório que se está a desenvolver. Faltam alguns elementos estilísticos, especialmente ao nível do desenho de figura humana, onde se nota que há um caminho a percorrer.
Onde a história falha é na estrutura narrativa. Aqui, a necessidade de aprendizagem é muita, este livro está cheio de cenas descontextualizadas, e uma forte desconexão narrativa. Junte-se a isto um lettering mau, mas apesar das falhas, não consigo ver aqui um mau livro. Vejo um estilo gráfico ainda cru, leio uma história com interesse, apesar de mal contada. Em suma, vejo coragem e potencial, esperando que a autora não se fique pelo seu corrente nível de capacidades e saiba fazer evoluir o seu trabalho até outros patamares.
Artur Coelho
Warper! 1
Autores: Diogo Mané
Editora: Zone Komics
Ano de edição: 2019
Páginas: 20 páginas, capa mole
Preço: 5,00€