RESENHA BD
Crónicas do Tempo e do Espaço - Uluru, de Marco Fraga Silva, Mathieu Pereira e Sofia Silva
14-10-2022
Já tinha ficado bem impressionado com este projeto, em modo webcomic. As suas ideias, argumento e execução gráfica pareceram-me muito prometedoras. E assumo, o facto de ser um projeto que olha para a ficção científica, algo um pouco raro no panorama da BD portuguesa, ajudou à sedução inicial. Apesar da sua publicação regular na web, acabei por não acompanhar o seguimento do projeto. Preferi esperar por uma edição num formato mais tradicional. A leitura de webcomics episódicos não é algo que vá de encontro aos meus hábitos de leitura (o que é uma observação sobre a minha forma de ler, não sobre este meio de publicar e chegar aos leitores).
Finalmente em livro, após o crowdfunding bem sucedido organizado pelos autores, pude apreciar esta obra de forma contínua. A primeira impressão confirmou-se, estamos perante uma obra muito sólida. O argumento está bem construído, metodicamente pensado. O mundo ficcional é sólido, e com um espaço que não se esgota nesta história, está concebido como mais vasto do que os limites da aventura. Está, claramente, pensado para pode expandir o universo, quer na continuidade desta história, quer com outras.
Já tinha ficado bem impressionado com este projeto, em modo webcomic. As suas ideias, argumento e execução gráfica pareceram-me muito prometedoras. E assumo, o facto de ser um projeto que olha para a ficção científica, algo um pouco raro no panorama da BD portuguesa, ajudou à sedução inicial. Apesar da sua publicação regular na web, acabei por não acompanhar o seguimento do projeto. Preferi esperar por uma edição num formato mais tradicional. A leitura de webcomics episódicos não é algo que vá de encontro aos meus hábitos de leitura (o que é uma observação sobre a minha forma de ler, não sobre este meio de publicar e chegar aos leitores).
Finalmente em livro, após o crowdfunding bem sucedido organizado pelos autores, pude apreciar esta obra de forma contínua. A primeira impressão confirmou-se, estamos perante uma obra muito sólida. O argumento está bem construído, metodicamente pensado. O mundo ficcional é sólido, e com um espaço que não se esgota nesta história, está concebido como mais vasto do que os limites da aventura. Está, claramente, pensado para pode expandir o universo, quer na continuidade desta história, quer com outras.
Uluru é um projeto claramente ambicioso e muito bem estruturado. Mas mais do que isso, é uma boa história, que nos leva à ficção científica pós-apocalíptica cruzada com reflexões sobre vida artificial, robótica e inteligência artificial. Uma mistura que funciona bem, num mundo futuro novo primitivista onde uma humanidade renascida tem de aprender a existir, com robots benévolos que a guiam equilibrando o saber do passado com o inesperado desta terra futura. E se nada disto vos desperta a atenção, deixo-vos só com uma das ideias mais bem conseguidas do livro: não se metam com polvos inteligentes a evoluir para anfíbios.
Em termos gráficos, o traço pareceu-me muito sólido, embora ainda um pouco em bruto. Há uma certa indefinição gráfica entre realismo e expressionismo, o que é sublinhado pelo trabalho de cor, mas por outro lado, há que assinalar a ambição de ilustrar um projeto que se tornou um álbum com mais de cento e sessenta páginas, algo muito raro em edições de novos autores.
Uluru não se esgota neste livro. Ao lê-lo, sente-se que é uma história in media res, com imenso espaço para novos desenvolvimentos, para novas histórias que explorem este prometedor mundo ficcional. Esperemos que haja oportunidade para que Marco Silva as conte, acompanhado por Mathieu Pereira e Sofia Pereira, ou por outros ilustradores. Se tal não se concretizar, não deixamos de ficar com uma excelente e marcante adição ao panorama bibliográfico da banda desenhada portuguesa.
Artur Coelho
Em termos gráficos, o traço pareceu-me muito sólido, embora ainda um pouco em bruto. Há uma certa indefinição gráfica entre realismo e expressionismo, o que é sublinhado pelo trabalho de cor, mas por outro lado, há que assinalar a ambição de ilustrar um projeto que se tornou um álbum com mais de cento e sessenta páginas, algo muito raro em edições de novos autores.
Uluru não se esgota neste livro. Ao lê-lo, sente-se que é uma história in media res, com imenso espaço para novos desenvolvimentos, para novas histórias que explorem este prometedor mundo ficcional. Esperemos que haja oportunidade para que Marco Silva as conte, acompanhado por Mathieu Pereira e Sofia Pereira, ou por outros ilustradores. Se tal não se concretizar, não deixamos de ficar com uma excelente e marcante adição ao panorama bibliográfico da banda desenhada portuguesa.
Artur Coelho
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Crónicas do Tempo e do Espaço - Uluru
Autor: Marco Fraga Silva, Mathieu Pereira, Sofia Pereira
Editora: Associação Tentáculo
Ano de edição: 2022
Páginas: 176 páginas, capa mole
Preço: 22€
Crónicas do Tempo e do Espaço - Uluru
Autor: Marco Fraga Silva, Mathieu Pereira, Sofia Pereira
Editora: Associação Tentáculo
Ano de edição: 2022
Páginas: 176 páginas, capa mole
Preço: 22€