RESENHA BD
Sapiens Imperium
31-10-2021
Conjugadas, as editoras A Seita e Arte de Autor estão a ter uma curiosa aposta em editar por cá o trabalho de Jorge Miguel, ilustrador português que trabalha para o mercado francês. Não só por nos trazer o seu traço, mas pela edição de um tipo de bd francesa menos de autor, e mais comercial, de entretenimento.
Nos livros já editados, nota-se que estão estruturados para entreter, contar uma boa história acessível, envolvente e bem ilustrada. Em estilos realistas de índole clássica, sem procurar estender fronteiras gráficas e estéticas. Não vem daí mal ao mundo, também precisamos de boas histórias para entretenimento. Isso era notório no competente desenvolvimento de Shangai Dream, cuja finalização algo precipitada fazia notar uma série pensada como trilogia que não tinha tido o sucesso esperado, e por isso encurtada.
Sapiens Imperium é ambicioso na construção do seu mundo ficcional. Estamos em terreno space opera, e embora a história em si se centre num único detalhe, percebe-se que foi construída com uma visão mais abrangente. O que, dependendo da aceitação da série, permitirá outros voos narrativos. A sequência segue uma estrutura clássica deste tipo de narrativas - começamos num local recôndito e remoto, a partir do qual a progressão da história nos vai alargando o horizonte do mundo ficcional.
Conjugadas, as editoras A Seita e Arte de Autor estão a ter uma curiosa aposta em editar por cá o trabalho de Jorge Miguel, ilustrador português que trabalha para o mercado francês. Não só por nos trazer o seu traço, mas pela edição de um tipo de bd francesa menos de autor, e mais comercial, de entretenimento.
Nos livros já editados, nota-se que estão estruturados para entreter, contar uma boa história acessível, envolvente e bem ilustrada. Em estilos realistas de índole clássica, sem procurar estender fronteiras gráficas e estéticas. Não vem daí mal ao mundo, também precisamos de boas histórias para entretenimento. Isso era notório no competente desenvolvimento de Shangai Dream, cuja finalização algo precipitada fazia notar uma série pensada como trilogia que não tinha tido o sucesso esperado, e por isso encurtada.
Sapiens Imperium é ambicioso na construção do seu mundo ficcional. Estamos em terreno space opera, e embora a história em si se centre num único detalhe, percebe-se que foi construída com uma visão mais abrangente. O que, dependendo da aceitação da série, permitirá outros voos narrativos. A sequência segue uma estrutura clássica deste tipo de narrativas - começamos num local recôndito e remoto, a partir do qual a progressão da história nos vai alargando o horizonte do mundo ficcional.
iNo final do livro, uma cronologia ficcional situa-nos no seu universo. Estamos num futuro distante, em que a humanidade se espalhou pelas estrelas após se recuperar de uma intervenção alienígena. E não se expandiu de forma simpática, assimilando todas as civilizações com que se cruza. Estes são cidadãos de segunda, vistos como escravos, úteis para exploração. Só há uma classe abaixo destes: os descendentes de sobreviventes das lutas entre os pretendentes ao trono do império. Após a derrota na mais recente luta pelo poder, os sobreviventes da facção perdedora são desterrados para uma lua distante que mal sustenta a vida. O objetivo é claro, levar à sua extinção, mas, resilientes, encontram uma forma de sobreviver. E mais, os seus descendentes irão encontrar uma forma de fugir do rochedo, e com isso, fazer tremer a ordem do império.
Não é uma história inovadora, ou inesperada. Segue estruturas clássicas, desenvolvendo-se como o habitual neste tipo de narrativas. Diverte, é uma boa leitura, inspirada dentro dos seus constrangimentos. O traço de Jorge Miguel coloca aqui o seu realismo ao serviço da narrativa. Tem momentos panorâmicos de encher o olhar, mas de resto segue o estilo clássico, realista, que se espera deste tipo de produções. Não é um demérito para o seu traço, bem pelo contrário. Percebe-se que este veterano e talentoso ilustrador está tão à vontade em BD de época como em ficção científica.
É talvez alguma falta de hábito nosso, de ler banda desenhada francófona mais comercial, para lá dos grandes personagens clássicos. No entanto, é algo que fazemos constantemente com a comercial americana, com acérrimas discussões sobre a sua qualidade, criada dentro de enormes espartilhos e quadros conceptuais muito pobres em termos de ideias. Mas divertidos de ler. O esforço da Seita e Arte de Autor, focado em trazer-nos o bom trabalho de um desenhador português integrado no lado industrial da banda desenhada francesa, está a ter como efeito colateral o recordar da vertente mais comercial da bande dessinée.
Artur Coelho
Não é uma história inovadora, ou inesperada. Segue estruturas clássicas, desenvolvendo-se como o habitual neste tipo de narrativas. Diverte, é uma boa leitura, inspirada dentro dos seus constrangimentos. O traço de Jorge Miguel coloca aqui o seu realismo ao serviço da narrativa. Tem momentos panorâmicos de encher o olhar, mas de resto segue o estilo clássico, realista, que se espera deste tipo de produções. Não é um demérito para o seu traço, bem pelo contrário. Percebe-se que este veterano e talentoso ilustrador está tão à vontade em BD de época como em ficção científica.
É talvez alguma falta de hábito nosso, de ler banda desenhada francófona mais comercial, para lá dos grandes personagens clássicos. No entanto, é algo que fazemos constantemente com a comercial americana, com acérrimas discussões sobre a sua qualidade, criada dentro de enormes espartilhos e quadros conceptuais muito pobres em termos de ideias. Mas divertidos de ler. O esforço da Seita e Arte de Autor, focado em trazer-nos o bom trabalho de um desenhador português integrado no lado industrial da banda desenhada francesa, está a ter como efeito colateral o recordar da vertente mais comercial da bande dessinée.
Artur Coelho
Sapiens Imperium
Autor: Sam Timel, Jorge Miguel
Editora: A Seita/Arte de Autor
Ano de edição: 2021
Páginas: 120 páginas, capa dura
Preço: 24€