RESENHA BD
Revista H-alt #09
13-01-2020
Acho que é melhor ir direto ao assunto, em vez de encher o texto de rodeios. Até agora, este foi o melhor número da H-alt que já li. É habitual nas edições desta revista coligir material que vai do aceitável ao excelente. O que é normal, dado o papel desta revista como canal de publicação para novos autores, grande parte dos quais ainda têm algum caminho a percorrer para afinar estéticas, técnicas gráficas e narrativas. É essa uma das grandes forças da H-alt, e temos de saber ler a revista percebendo que aquilo que nos possa parecer menos bem conseguido, são passos necessários para a evolução estética dos futuros criadores.
Mas desta vez, das duas, uma. Ou o Sérgio Santos teve muita sorte nas submissões, ou escolheu apenas as excelentes. Esta é a primeira vez que termino a leitura, sentindo que entre nomes que já se estão a tornar veteranos, e novos valores, há pouca coisa a afinar. O sentimento pós-leitura é de que praticamente todas as histórias me tocaram e seduziram. Algumas, pela sua temática ou grafismo, mais do que outras. Mas só por isso. Esta é a primeira vez que escrevo sobre a H-alt e não me sinto compelido a analisar parte das histórias coligidas com aquele olhar que faço com alguns dos meus alunos. Aqueles que me apresentam projetos muito fraquinhos, mas que sei que sendo crianças, seria muito destrutivo arrasar com críticas. Fica-se por um "gosto, mas… poderias ter melhorado algumas coisas, e tenho confiança que vais conseguir".
Certo, é verdade isso que estão a pensar. Estão a ler esta recensão na página da H-alt. Claro que aqui se vai sempre dizer bem da revista, certo? Nem por isso. Estas recensões são um desafio para partilhar leituras nas páginas da H-alt, mas não representam uma colaboração formal, um fazer parte da equipa. Sou apenas leitor, e pego na H-alt como o faço com os restantes livros. Com algum cuidado, porque gosto de os preservar. Só me falta o primeiro número. Uma página de cada vez, mesmo que nas entrevistas sinta alguma tentação de fazer leitura diagonal. E depois da leitura, empilhada (porque prateleiras cheias) no recanto coleção H-alt.
Acho que é melhor ir direto ao assunto, em vez de encher o texto de rodeios. Até agora, este foi o melhor número da H-alt que já li. É habitual nas edições desta revista coligir material que vai do aceitável ao excelente. O que é normal, dado o papel desta revista como canal de publicação para novos autores, grande parte dos quais ainda têm algum caminho a percorrer para afinar estéticas, técnicas gráficas e narrativas. É essa uma das grandes forças da H-alt, e temos de saber ler a revista percebendo que aquilo que nos possa parecer menos bem conseguido, são passos necessários para a evolução estética dos futuros criadores.
Mas desta vez, das duas, uma. Ou o Sérgio Santos teve muita sorte nas submissões, ou escolheu apenas as excelentes. Esta é a primeira vez que termino a leitura, sentindo que entre nomes que já se estão a tornar veteranos, e novos valores, há pouca coisa a afinar. O sentimento pós-leitura é de que praticamente todas as histórias me tocaram e seduziram. Algumas, pela sua temática ou grafismo, mais do que outras. Mas só por isso. Esta é a primeira vez que escrevo sobre a H-alt e não me sinto compelido a analisar parte das histórias coligidas com aquele olhar que faço com alguns dos meus alunos. Aqueles que me apresentam projetos muito fraquinhos, mas que sei que sendo crianças, seria muito destrutivo arrasar com críticas. Fica-se por um "gosto, mas… poderias ter melhorado algumas coisas, e tenho confiança que vais conseguir".
Certo, é verdade isso que estão a pensar. Estão a ler esta recensão na página da H-alt. Claro que aqui se vai sempre dizer bem da revista, certo? Nem por isso. Estas recensões são um desafio para partilhar leituras nas páginas da H-alt, mas não representam uma colaboração formal, um fazer parte da equipa. Sou apenas leitor, e pego na H-alt como o faço com os restantes livros. Com algum cuidado, porque gosto de os preservar. Só me falta o primeiro número. Uma página de cada vez, mesmo que nas entrevistas sinta alguma tentação de fazer leitura diagonal. E depois da leitura, empilhada (porque prateleiras cheias) no recanto coleção H-alt.
Que histórias poderei salientar desta edição? Posso começar logo pela primeira, Posse, porque é sempre um prazer ler Penim Loureiro, muito bem acompanhado pelo grafismo de Patrícia Costa. Rui Ramos junta-se a Luís Belerique, um veterano do 3D e concept art (recordo ficar de queixo caído numa masterclass que deu numa conferência da comunidade Blender.pt) em Ukun, e o resultado é deslumbrante. As duas Blackburn Stories de Kurt Belcher e Rob Cronenborghis são divertidamente mórbidas no seu noir irónico.
A Origem Do Afeto de Nietzsche Pop (boa escolha de pseudónimo) distingue-se pela qualidade do traço do criador. Há uma certa estética Charles Burns no passeio matrixiiano por múltiplas realidades de O Jogo De Nil, por Pedro Cruz. Crónicas da Terra de Marco Silva e Ana Lopes mistura bem ciência com ficção científica, numa estética hopepunk. Fábio Veras e Miguel Santos desconstroem com humor os pressupostos de erros na simulação consensual da realidade em Glitch. O Steampunk de cores vibrantes revelado por Mateus Boga em Lisa foi, para mim, uma das melhores surpresas desta H-alt.
E fico por aqui, sendo injusto para com as restantes histórias, que na verdade estão muito próximas do nível das que destaquei. Esta edição da H-alt marca a diferença. Nesta, a revista é mais do que um fanzine elegante mas cheio de criações a precisar de amadurecer, e mostra-se como revista de banda desenhada. Sem perder o carácter de canal para novas vozes. Claro que manter isto requer que as submissões sejam consistentes, o que significa que apesar do esforço de edição a próxima pode não estar neste nível. Mas, outra vez, isso é natural, faz parte dos altos e baixos de dar espaço às vozes dos novos criadores. Que, sem o trabalho da H-alt e de outras iniciativas similares, provavelmente nunca se atreveriam a meter cá fora o que concebem. Estaríamos todos culturalmente mais pobres, se fosse assim.
Artur Coelho
A Origem Do Afeto de Nietzsche Pop (boa escolha de pseudónimo) distingue-se pela qualidade do traço do criador. Há uma certa estética Charles Burns no passeio matrixiiano por múltiplas realidades de O Jogo De Nil, por Pedro Cruz. Crónicas da Terra de Marco Silva e Ana Lopes mistura bem ciência com ficção científica, numa estética hopepunk. Fábio Veras e Miguel Santos desconstroem com humor os pressupostos de erros na simulação consensual da realidade em Glitch. O Steampunk de cores vibrantes revelado por Mateus Boga em Lisa foi, para mim, uma das melhores surpresas desta H-alt.
E fico por aqui, sendo injusto para com as restantes histórias, que na verdade estão muito próximas do nível das que destaquei. Esta edição da H-alt marca a diferença. Nesta, a revista é mais do que um fanzine elegante mas cheio de criações a precisar de amadurecer, e mostra-se como revista de banda desenhada. Sem perder o carácter de canal para novas vozes. Claro que manter isto requer que as submissões sejam consistentes, o que significa que apesar do esforço de edição a próxima pode não estar neste nível. Mas, outra vez, isso é natural, faz parte dos altos e baixos de dar espaço às vozes dos novos criadores. Que, sem o trabalho da H-alt e de outras iniciativas similares, provavelmente nunca se atreveriam a meter cá fora o que concebem. Estaríamos todos culturalmente mais pobres, se fosse assim.
Artur Coelho
Revista H-alt 09
Editor: Sérgio Santos.
Editora: H-alt
Ano de edição: 2019
Páginas: 165 páginas, capa mole
Preço: 10€