ENTREVISTA EXCLUSIVA COM HANNES RADKE
2020-11-05
Hannes Radke, nasceu em 1985, mora em Hildesheim, na Alemanha. Tem vindo a trabalhar na área da banda desenhada e da ilustração há vários anos e o seu portfólio pode ser acedido aqui:
http://hannes-radke.com
http://of-all-worlds-lost.com/
Hannes Radke, nasceu em 1985, mora em Hildesheim, na Alemanha. Tem vindo a trabalhar na área da banda desenhada e da ilustração há vários anos e o seu portfólio pode ser acedido aqui:
http://hannes-radke.com
http://of-all-worlds-lost.com/
Entrevista
Quem és? E como descobriste que a banda desenhada é um bom medium para contar as tuas estórias?
Eu sou um artista alemão e toda a vida quis fazer banda desenhada. O mais próximo, em termos de uma educação com perspetivas razoáveis de arranjar emprego, foi estudar design gráfico. Fiz isso até 2013 e depois tornei-me ilustrador freelancer e um designer gráfico para a web e impressão. Neste momento sou o CEO de uma pequena escola de artes sem fins lucrativos durante o dia, enquanto faço banda desenhada à noite.
Comecei a ler BD na infância: Homem-Aranha e as velhas revistas “Heavy-Metal” e “Pilot” do meu pai; na adolescência descobri a Manga (“Akira” e “Ghost In The Shell”), o que me surpreendeu devido ao seu movimento, energia e conceitos estranhos. Passava o meu tempo a copiar aqueles desenhos e, sem pensar nisso, ia imaginando minhas próprias estórias.
Quando e porquê decidiste criar o storyworld de “Of All Worlds Lost”? Qual é o tema principal deste storyworld e quantas narrativas pretendes contar neste universo expandido?
Universo expandido é a descrição correta. O processo de desenvolvimento foi mais ou menos assim: Por vários anos reuni muitas ideias diferentes, independentes umas das outras, para me divertir. Muitos fragmentos, designs de Mechas [robôs de grandes dimensões], naves espaciais, planetas, armaduras de cavaleiro, personagens e muito mais.
Um dia fartei-me de apenas colecionar ideias, queria vê-las realizadas. Então, elaborei um cenário que seria capaz de conter todas essas ideias de uma maneira coerente e plausível. Em seguida, veio toda uma coleção de conceitos de estórias e a busca por um personagem principal que refletisse a essência de todo esse cenário e dos meus objetivos em termos narrativos.
Eu sou um artista alemão e toda a vida quis fazer banda desenhada. O mais próximo, em termos de uma educação com perspetivas razoáveis de arranjar emprego, foi estudar design gráfico. Fiz isso até 2013 e depois tornei-me ilustrador freelancer e um designer gráfico para a web e impressão. Neste momento sou o CEO de uma pequena escola de artes sem fins lucrativos durante o dia, enquanto faço banda desenhada à noite.
Comecei a ler BD na infância: Homem-Aranha e as velhas revistas “Heavy-Metal” e “Pilot” do meu pai; na adolescência descobri a Manga (“Akira” e “Ghost In The Shell”), o que me surpreendeu devido ao seu movimento, energia e conceitos estranhos. Passava o meu tempo a copiar aqueles desenhos e, sem pensar nisso, ia imaginando minhas próprias estórias.
Quando e porquê decidiste criar o storyworld de “Of All Worlds Lost”? Qual é o tema principal deste storyworld e quantas narrativas pretendes contar neste universo expandido?
Universo expandido é a descrição correta. O processo de desenvolvimento foi mais ou menos assim: Por vários anos reuni muitas ideias diferentes, independentes umas das outras, para me divertir. Muitos fragmentos, designs de Mechas [robôs de grandes dimensões], naves espaciais, planetas, armaduras de cavaleiro, personagens e muito mais.
Um dia fartei-me de apenas colecionar ideias, queria vê-las realizadas. Então, elaborei um cenário que seria capaz de conter todas essas ideias de uma maneira coerente e plausível. Em seguida, veio toda uma coleção de conceitos de estórias e a busca por um personagem principal que refletisse a essência de todo esse cenário e dos meus objetivos em termos narrativos.
Qual o teu processo de worldbuilding? Onde e como fazes a pesquisa para o processo de worldbuilding? Preferes o processo de worldbuilding ou o processo de storytelling?
É difícil dizer exatamente de onde vêm as ideias. Na maior parte da vezes é a inspiração que vem de exemplos excelentes ou divertidos de diferentes media (livros, jogos, filmes, programas) ou, especialmente, exemplos maus. Há uma grande quantidade de arte conceptual fixe na internet, há muitos pedaços que você pode juntar em um mundo. O que influencia muito o meu worldbuilding é a sociologia, economia, história, astrofísica e filosofia.
Como tens publicado e promovido o teu trabalho?
A minha primeira experiência com a publicação das minhas bandas desenhadas foi esta: um amigo meu, com quem joguei muito “Dungeons & Dragons” (ainda jogo), ofereceu-me a possibilidade de colocar a BD que escrevia na escola no site dele. Então fiz webcomics desde o primeiro dia. Depois participei em concursos e ganhei um deles, cheguei à final noutro e procuraram-me por trabalhar como penciller em "Justifiers – Collector", um franchise de ficção científica de pouca duração com publicação entre 2011 e 2013. A experiência foi desgastante, porque reconheci como era importante controlar todo o processo, da ideia ao lettering, para chegar mais perto da minha visão. Decidi trabalhar de forma independente desde então, colaborando às vezes com outros criadores, como no último projeto em que trabalhei – "The Impure" –, que foi financiado por crowdfunding no Kickstarter em 2019.
De vez em quando experimento novas plataformas, como Deviantart, MyComics e Toonsup (julgo que são ambas alemãs), ou Webtoon e Tapastic onde encontraste "Of Stars Profaned". Não sou especialmente habilidoso em promover a minha arte, mas tentei (e ainda tento) usar as redes sociais, vídeos no YouTube e até mesmo livestreaming no Twitch, bem como o meu próprio site e ter uma campanha de crowdfunding contínua no Patreon. Como vês, há muita coisa que eu tentei e falhei.
Publicaste “Of Words Forgotten” no Webtoon em 2015 para um concurso de ficção científica. Como foi essa experiência?
Isso foi muito interessante. O concurso exigia um nível de profissionalidade totalmente diferente do que eu estava habituado. Por vir da cultura coreana de produção de webtoon, a velocidade era estonteante e eu não estava preparado, tendo que trabalhar noutros projetos (também me lembro de estar acima de 40° C, era brutal viver num apartamento minúsculo sem AC). Fiquei satisfeito por eles me selecionarem para a segunda ronda, o que foi mais do que eu poderia esperar. As rondas finais foram apenas as coisas populares, naturalmente, e minha contribuição foi votada negativamente pelo grupo de fãs dos outros participantes. Mesmo assim foi um tipo de aventura que gostei muito.
Começaste a publicar “Of Stars Profaned” no Tapas a 13 de março de 2015. Quando vais terminar este arco narrativo e o que estás a pensar fazer com as muitas páginas que tens partilhado online? Tens alterado o enredo de acordo com as expectativas do público? Sabes como vai acabar?
A estória "Of Stars Profaned" estará concluída, com sorte, no verão de 2021, com 13 capítulos de 16 páginas cada. Um dos objetivos é colocá-los todos juntos numa bela edição impressa. Se será ou não escolhido por um editor é uma questão em aberto, eu já tenho algumas ofertas para uma versão em alemão, mas quero encontrar a forma certa para publicar este projeto. São exigentes lá. Também autopubliquei 3 edições de 2 capítulos cada, e vendi as cópias em convenções de BD aqui na Alemanha, nos últimos 3 anos.
A estória progrediu praticamente como planeada inicialmente. Não posso dizer que alterei alguma coisa conscientemente para satisfazer os leitores, pois a estória já havia sido projetada de forma a ser o mais divertida possível. Parte da diversão para mim, como leitor, é tentar adivinhar e ficar surpreso com o desenrolar de uma narrativa. Também não gostaria de interferir no processo dos artistas que admiro, por medo de tornar o resultado menos interessante.
Eu tenho um plano detalhado de como este arco narrativo terminará e os próximos 3 (se tiver a oportunidade de os fazer). Mas mantenho a minha mente aberta para boas ideias que surjam ao longo do caminho. Há pequenas coisas que mudam na minha cabeça, mas o quadro geral permanece estável.
Quais foram as tuas principais referências narrativas e artísticas (artistas, autores, filmes, videojogos, livros ...) para esta estória específica?
Eu sou um grande fã de “Star Trek”, “Asimov's Foundation”, “Dune” e “Star Wars”, também “Warhammer 40k” e “The Forgotten Realms”, de onde muitos dos temas e inspiração para o design vieram. No lado da BD, e em termos narrativos, encontrarás influências de Hayao Miyazaki, Moebius e muita Manga.
Pensas colorir a estória?
Há uns tempos fiz alguns testes de coloração, mas nunca encontrei uma técnica com a qual me sentisse completamente confortável e que fosse rápida. Colori outros projetos para a minha satisfação. Como eu gosto de Manga e como muito do trabalho do Moebius é a preto e branco decidi deixar assim, por enquanto. É definitivamente algo que está em cima da mesa.
Pensas em fazer crowdfunding para ter uma versão impressa da estória completa?
Sim, isso é algo que estou planeando. "The Impure" foi o primeiro Kickstarter em que estive envolvido e que foi financiado com sucesso. Talvez algo assim pudesse ser feito para "Of Stars Profaned" e a sua sequela "Of Stars Denied".
Houve algum motivo para mudares do Webtoon para o Tapas? Por que razão preferes a plataforma Tapas?
O interface do Webtoon e os requisitos de upload eram muito complicados para o meu gosto. Estou ciente de que tem um número de utilizadores maior por isso "Of Stars Profaned" será carregado lá no futuro. Seria bom ter a série colorida e refazer o layout para torná-la realmente um webtoon. Infelizmente, neste momento não há tempo livre para isso na minha agenda.
Qual é a próxima estória do stoyworld “Of All Worlds Lost” que estás a pensar contar? Usarás a plataforma Tapas para partilhar essa narrativa?
Como afirmado acima, existem algumas estórias planeadas. A próxima será "Of Stars Denied", o enredo já está mapeado. Os protagonistas de "Of Stars Profaned" continuarão centrais, com uma mudança considerável do foco no Inquisidor Thomassin. Para os outros, há apenas um esboço. Tudo o que quero dizer é que Reudigan fará parte de todos os arcos narrativos .
Tens como objetivo o lançamento de um franchise transmedial com o teu storyworld? Tens planos para adaptar as estórias para animação ou outro meio?
Isso é mais um sonho do que um objetivo fixo. Seria incrível ter, digamos, uma série na Netflix ou algo parecido. Seria colocar a carroça à frente dos bois, no entanto. Se a narrativa se tornar um sucesso então considerarei isso seriamente.
Entrevistador: Marco Fraga Silva
Artigo web: Sérgio Santos
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.