RESENHA BD
O Filho do Führer, de João Gordinho
18-11-2019
Este é um daqueles típicos casos de não se poder julgar um livro pela sua capa, elementos que, digamos, não é dos mais bem conseguidos nesta obra. Do resto, só posso escrever que fui levado por uma história muito divertida, que condensa uma série de memes e especulações ocultistas com a história, de um subset de teorias da conspiração que circulam na internet em fóruns dedicados aos supostos mistérios nazis - sobre tecnologias avançadas, mais ainda do que foguetões e aviões a jato, relações entre o regime nazi e supostas civilizações extra-terrestres ou intra-terrestres, máquinas de viagem no tempo, experiências genéticas, ou bases ocultas na antártida ou na Lua. Tudo coisas que fazem os documentários do canal História sobre segredos nazis parecer historiografia rigorosa.
Estaria a ser injusto se me ficasse por este ser um fenómeno internet. Na verdade, este tipo de teorias da conspiração já circulavam há muitos anos, especialmente em livros que oscilam entre o delírio de sanidade duvidosa e a ficção apresentada como realidade por escritor pouco escrupuloso. Mas o mundo online deu-lhes força, e visibilidade. Se se tiver o sentido crítico apurado (leituras de história - a real, da II guerra ajudam muito nisto), e um gosto pelas possibilidades do imaginário, é divertido mergulhar neste mundo de teorias obscuras sem quaisquer bases na realidade. Pessoalmente, sou grande fã das mesclas entre os defensores da teoria da terra oca (completa com avançadas civilizações intra-terrestres, acessível apenas através de entradas nalguns lugares inóspitos, entre os quais o pólo sul) e das bases secretas nazis na antártida.
Estas ideias exercem uma influência discreta na cultura pop. Há traços delas em Hellboy, são completamente assumidas na série de BD francesa Wunderwaffen, que se distingue pela forma como dá corpo a todas as aeronaves avançadas do tempo da II guerra que nunca saíram do papel. E há um filme finlandês, o divertido Iron Sky, que faz um dial up to eleven de toda esta iconografia.
Este é um daqueles típicos casos de não se poder julgar um livro pela sua capa, elementos que, digamos, não é dos mais bem conseguidos nesta obra. Do resto, só posso escrever que fui levado por uma história muito divertida, que condensa uma série de memes e especulações ocultistas com a história, de um subset de teorias da conspiração que circulam na internet em fóruns dedicados aos supostos mistérios nazis - sobre tecnologias avançadas, mais ainda do que foguetões e aviões a jato, relações entre o regime nazi e supostas civilizações extra-terrestres ou intra-terrestres, máquinas de viagem no tempo, experiências genéticas, ou bases ocultas na antártida ou na Lua. Tudo coisas que fazem os documentários do canal História sobre segredos nazis parecer historiografia rigorosa.
Estaria a ser injusto se me ficasse por este ser um fenómeno internet. Na verdade, este tipo de teorias da conspiração já circulavam há muitos anos, especialmente em livros que oscilam entre o delírio de sanidade duvidosa e a ficção apresentada como realidade por escritor pouco escrupuloso. Mas o mundo online deu-lhes força, e visibilidade. Se se tiver o sentido crítico apurado (leituras de história - a real, da II guerra ajudam muito nisto), e um gosto pelas possibilidades do imaginário, é divertido mergulhar neste mundo de teorias obscuras sem quaisquer bases na realidade. Pessoalmente, sou grande fã das mesclas entre os defensores da teoria da terra oca (completa com avançadas civilizações intra-terrestres, acessível apenas através de entradas nalguns lugares inóspitos, entre os quais o pólo sul) e das bases secretas nazis na antártida.
Estas ideias exercem uma influência discreta na cultura pop. Há traços delas em Hellboy, são completamente assumidas na série de BD francesa Wunderwaffen, que se distingue pela forma como dá corpo a todas as aeronaves avançadas do tempo da II guerra que nunca saíram do papel. E há um filme finlandês, o divertido Iron Sky, que faz um dial up to eleven de toda esta iconografia.
João Gordinho claramente conhece estas ideias, e transmuta-as numa história divertida. Traços inevitáveis de Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida, porque nazis, desertos e artefactos têm sempre algo deste filme pop seminal, cruzam-se com as iconografias das teorias da conspiração. Seres reptilianos que estão por detrás do poder nazi. Tecnologias exóticas, como cápsulas em forma de sino capazes de viajar pelo tempo, ou discos voadores. Experiências com genética. Pessoalmente, não resisto a um bom Haunebu (esta, não explico, googlem por vós próprios).
A história leva-nos ao norte de África assolado pelo Afrika Korps, onde um grupo de soldados muito chveikianos provocam um disparo acidental ao limpar um Panzer. Graças a isso, descobrem um estrano sarcófago com marcas nazis, um impossível artefacto milenar. Algo que atrai a atenção de nada menos que Hitler, instruído pelos seus superiores reptilianos a localizar o seu filho, o resultado do cruzamento entre genes dos répteis sentientes e do Führer (e como isto foi feito, o autor deixa à imaginação do leitor, mas não resisto à ideia dos avanços amorosos de uma Eva Braun de pele escamada verde). Filho esse que, criatura híbrida, parece ter viajado ao passado, como parte de uma experiência nazi sobre viagens no tempo.
E o resto? Bem, para isso vão ter de ler este divertido livro. A história tem um excelente ritmo, e quem conhece as bizarras teorias da conspiração sabe que o autor mergulha fundo nestas ideias surreais. Visualmente, tem um traço forte e expressivo, muito eficaz. Não se deixem mesmo enganar pelas ilustrações de capa, o traço do autor é muito interessante. O Filho do Führer é uma boa proposta de leitura, que diverte o leitor, e parece-me não querer ser mais do que isso, uma obra descomplexada de entretenimento.
Curioso. Apercebi-me que cheguei ao fim de uma recensão sobre um livro editado pela Escorpião Azul e ainda não zurzi na política editorial desta chancela. Isto, de facto, é estranho.
Artur Coelho
A história leva-nos ao norte de África assolado pelo Afrika Korps, onde um grupo de soldados muito chveikianos provocam um disparo acidental ao limpar um Panzer. Graças a isso, descobrem um estrano sarcófago com marcas nazis, um impossível artefacto milenar. Algo que atrai a atenção de nada menos que Hitler, instruído pelos seus superiores reptilianos a localizar o seu filho, o resultado do cruzamento entre genes dos répteis sentientes e do Führer (e como isto foi feito, o autor deixa à imaginação do leitor, mas não resisto à ideia dos avanços amorosos de uma Eva Braun de pele escamada verde). Filho esse que, criatura híbrida, parece ter viajado ao passado, como parte de uma experiência nazi sobre viagens no tempo.
E o resto? Bem, para isso vão ter de ler este divertido livro. A história tem um excelente ritmo, e quem conhece as bizarras teorias da conspiração sabe que o autor mergulha fundo nestas ideias surreais. Visualmente, tem um traço forte e expressivo, muito eficaz. Não se deixem mesmo enganar pelas ilustrações de capa, o traço do autor é muito interessante. O Filho do Führer é uma boa proposta de leitura, que diverte o leitor, e parece-me não querer ser mais do que isso, uma obra descomplexada de entretenimento.
Curioso. Apercebi-me que cheguei ao fim de uma recensão sobre um livro editado pela Escorpião Azul e ainda não zurzi na política editorial desta chancela. Isto, de facto, é estranho.
Artur Coelho
O Filho do Führer
Autores: João Gordinho
Editora: Escorpião Azul
Ano de edição: 2019
Páginas: 72 páginas, capa mole
Preço: 12,00€