ENTREVISTA A MARCOS MATEU-MESTRE
2016-06-22
Biografia
Marcos Mateu-Mestre nasceu em Palma de Maiorca, Espanha. É um artista de concept art, layout de animação tradicional e um autor de banda desenhada com 25 anos de experiência no mundo da animação. Trabalhou em vários filmes de animação como, por exemplo:, Balto, O Príncipe do Egito, Asterix e os Vikings, Dia do Surf e Como Treinar O Seu Dragão 2. As principais produtoras onde esteve foram a DreamWorks Animation e Sony Pictures Animation.
Além de seu trabalho no cinema de animação, também ensinou múltiplas técnicas de desenho, ilustração e narrativa visual durante quase doze anos e foi membro de vários festivais internacionais de cinema. Vive atualmente em Los Angeles.
Tem também várias publicações impressas pela editora Design Studio Prima, desde BD a livros técnicos educativos. É possível adquirir na Amazon os seus mais recentes livros "Framed Perspective Vol. 1 e 2". Podem ver mais informações aqui.
Podem também visitar a sua página de Facebook em: https://www.facebook.com/Marcos-Mateu-Mestre-893679814001650/
Além de seu trabalho no cinema de animação, também ensinou múltiplas técnicas de desenho, ilustração e narrativa visual durante quase doze anos e foi membro de vários festivais internacionais de cinema. Vive atualmente em Los Angeles.
Tem também várias publicações impressas pela editora Design Studio Prima, desde BD a livros técnicos educativos. É possível adquirir na Amazon os seus mais recentes livros "Framed Perspective Vol. 1 e 2". Podem ver mais informações aqui.
Podem também visitar a sua página de Facebook em: https://www.facebook.com/Marcos-Mateu-Mestre-893679814001650/
Entrevista
O senhor trabalha já há quase duas décadas no mundo da concept art e storyboard para filmes de animação. Como é que entrou no mundo da animação e quais as dificuldades que encontrou?
Em 1991, quando comecei a trabalhar em animação ( Amblin/Londres), já vinha do mundo das graphic novels, publicidade e ilustração...
A minha entrada nesta nova área foi muito excitante e não tive grandes dificuldade dada a minha experiência como ilustrador. Consolidei muito os meus conhecimentos a nível da cor em 2D na criação de cenários. Tratava-se de um trabalho de equipa, onde os desenhos e os layouts eram fornecidos préviamente, o que tornava o processo mais expedito.
Depois disso, no filme "Balto", comecei a trabalhar mais na criação de layouts, onde estava mais familiarizado com a criação de painéis, imagens compostas continuas, narrativa, uso extensivo da perspectiva (aprendi muito com o meu pai, um professor fantástico). Tive também oportunidade de desenvolver estudos a nível sombra/luminosidade no desenho.
Felizmente, o meu passado na BD e na criação de storyboards deram-me um grande treino quando foi necessário criar imagens compostas. A animação, apesar de ser um universo" vizinho", continuava a ser algo familiar para mim.
O storytelling não se limita apenas à animação, é a base e o fundamento de qualquer história audiovisual. Um bom storyboarder é necessariamente um bom contador de histórias visuais?
Eu penso que precisa de ser. Apesar de eu ter feito um trabalho de storyboarder muito limitado para vários filmes, o que eu posso dizer é que é necessário um trabalho sólido a nível do desenho e técnica, deve-se procurar unir a narrativa, com ritmo e continuidade. A beleza deste tipo de trabalho é que o desenho, sendo uma arte muito complexa e sofisticada, por si só, deve ser incorporado num esquema muito maior que é o contexto de uma história completa, com as suas luzes e sombras, altos e baixos, mudanças de ritmo, clímax, etc...
Quais são suas principais influências?
Originalmente as minhas primeiras influências vêm de artistas de graphic novels, especialmente dos anos 70 e 80, quando comecei a sentir essa incrível paixão pela BD. Vou citar alguns grandes artistas clássicos: Victor de la Fuente, Antonio Hernandez Palacios, Jesus Monterde Blasco, Carlos Gimenez (Espanha), Alberto Breccia, Jose Luis Salinas, Arturo del Castillo, Jose Munoz (Argentina, Uruguai), Hugo Pratt, Ferdinando Tacconi (Itália), Jean Giraud, Hergé (França, Bélgica), Milton Caniff, Frank Robbins, Andrew Loomis e Robert Fawcett (EUA, Reino Unido).
Existem muito mais artistas, peço desculpa por não mencionar todos, se o fizesse seria realmente uma lista gigantesca.
Também escreve muitos livros técnicos relacionados com o desenho e a ilustração. É algo que sente prazer em fazer?
Absolutamente. Além de trabalhar no mundo da animação e criar graphic novels, sou uma pessoa apaixonada que gosta de discutir teoria da arte e narrativa. Além disso, eu não me esqueço do quanto devo a todos os grandes talentos que muito me ensinaram (neste momento também gostaria de mencionar os meus pais e minha própria irmã, que incluo também na lista). Portanto, tudo o que possa fazer para comunicar a paixão e conhecimento de vida que me trouxe para este caminho é para mim um verdadeiro prazer.
Em 1991, quando comecei a trabalhar em animação ( Amblin/Londres), já vinha do mundo das graphic novels, publicidade e ilustração...
A minha entrada nesta nova área foi muito excitante e não tive grandes dificuldade dada a minha experiência como ilustrador. Consolidei muito os meus conhecimentos a nível da cor em 2D na criação de cenários. Tratava-se de um trabalho de equipa, onde os desenhos e os layouts eram fornecidos préviamente, o que tornava o processo mais expedito.
Depois disso, no filme "Balto", comecei a trabalhar mais na criação de layouts, onde estava mais familiarizado com a criação de painéis, imagens compostas continuas, narrativa, uso extensivo da perspectiva (aprendi muito com o meu pai, um professor fantástico). Tive também oportunidade de desenvolver estudos a nível sombra/luminosidade no desenho.
Felizmente, o meu passado na BD e na criação de storyboards deram-me um grande treino quando foi necessário criar imagens compostas. A animação, apesar de ser um universo" vizinho", continuava a ser algo familiar para mim.
O storytelling não se limita apenas à animação, é a base e o fundamento de qualquer história audiovisual. Um bom storyboarder é necessariamente um bom contador de histórias visuais?
Eu penso que precisa de ser. Apesar de eu ter feito um trabalho de storyboarder muito limitado para vários filmes, o que eu posso dizer é que é necessário um trabalho sólido a nível do desenho e técnica, deve-se procurar unir a narrativa, com ritmo e continuidade. A beleza deste tipo de trabalho é que o desenho, sendo uma arte muito complexa e sofisticada, por si só, deve ser incorporado num esquema muito maior que é o contexto de uma história completa, com as suas luzes e sombras, altos e baixos, mudanças de ritmo, clímax, etc...
Quais são suas principais influências?
Originalmente as minhas primeiras influências vêm de artistas de graphic novels, especialmente dos anos 70 e 80, quando comecei a sentir essa incrível paixão pela BD. Vou citar alguns grandes artistas clássicos: Victor de la Fuente, Antonio Hernandez Palacios, Jesus Monterde Blasco, Carlos Gimenez (Espanha), Alberto Breccia, Jose Luis Salinas, Arturo del Castillo, Jose Munoz (Argentina, Uruguai), Hugo Pratt, Ferdinando Tacconi (Itália), Jean Giraud, Hergé (França, Bélgica), Milton Caniff, Frank Robbins, Andrew Loomis e Robert Fawcett (EUA, Reino Unido).
Existem muito mais artistas, peço desculpa por não mencionar todos, se o fizesse seria realmente uma lista gigantesca.
Também escreve muitos livros técnicos relacionados com o desenho e a ilustração. É algo que sente prazer em fazer?
Absolutamente. Além de trabalhar no mundo da animação e criar graphic novels, sou uma pessoa apaixonada que gosta de discutir teoria da arte e narrativa. Além disso, eu não me esqueço do quanto devo a todos os grandes talentos que muito me ensinaram (neste momento também gostaria de mencionar os meus pais e minha própria irmã, que incluo também na lista). Portanto, tudo o que possa fazer para comunicar a paixão e conhecimento de vida que me trouxe para este caminho é para mim um verdadeiro prazer.
Como descreveria a sua experiência no mundo da BD? A sua experiência na animação provou ser útil?
Como eu disse anteriormente, foi antes o contrário (comecei primeiro a trabalhar na BD e só depois passei para a animação). Mas, independentemente disso, todas essas formas de arte são de facto parte da mesma família.
Quais são os temas que mais aprecia desenvolver nas histórias de BD? Porquê?
Eu aprecio muito eventos históricos ou eventos do dia-a-dia onde seja possível explorar o interior da alma humana. Eu adoro temas fantasiosos, embora também aprecie trabalhar com temas suaves e mais realistas. Acho os eventos humanos mais realistas (épicos ou mundanos) realmente fascinantes.
Poderia descrever em detalhe como é o seu método de trabalho quando cria uma história de BD?
Eu procuro sempre desligar-me de uma história se estiver trabalhar nela durante muito tempo. De um modo geral, desenvolvo as personagens e as suas personalidades e procuro sempre destacar eventos que despertem um efeito dominó que proporcione o desenvolvimento da narrativa. Quando começo a imaginar os personagens, procuro definir como eles se parecem, que elementos adicionais podem tornar a estrutura narrativa ainda mais rica. Outra coisa importante também é obter referências visuais para o período e local onde a história acontece.
Depois vou precisar de trabalhar no storyboard, projectar os layouts das páginas, criar os painéis individuais, a composição, a continuidade, a iluminação... (as técnicas que uso estão no meu livro "Framed Ink "). Na arte-final, procuro manter um estilo solto e fresco utilizando os pincéis.
Pode-nos falar sobre os seus projetos futuros?
Além do meu trabalho em animação na Dreamworks como artista de desenvolvimento visual e depois dos meus livros da série "Framed Ink" (2010) e da graphic novel "Trail of Steel" (2012), estou a trabalhar em dois novos livros sobre a perspectiva técnica vocacionados principalmente para storytellers visuais chamados "Framed Perspective 1 e 2". Não poderia estar mais entusiasmado com o lançamento. São livros projetados para serem um guia prático e útil para os artistas visuais ( de BD, storyboarders, ilustradores, concept designers...). Gastei muito tempo e trabalho para criá-los e saber que eles estão finalmente a ir para a impressão é realmente fantástico.
Como eu disse anteriormente, foi antes o contrário (comecei primeiro a trabalhar na BD e só depois passei para a animação). Mas, independentemente disso, todas essas formas de arte são de facto parte da mesma família.
Quais são os temas que mais aprecia desenvolver nas histórias de BD? Porquê?
Eu aprecio muito eventos históricos ou eventos do dia-a-dia onde seja possível explorar o interior da alma humana. Eu adoro temas fantasiosos, embora também aprecie trabalhar com temas suaves e mais realistas. Acho os eventos humanos mais realistas (épicos ou mundanos) realmente fascinantes.
Poderia descrever em detalhe como é o seu método de trabalho quando cria uma história de BD?
Eu procuro sempre desligar-me de uma história se estiver trabalhar nela durante muito tempo. De um modo geral, desenvolvo as personagens e as suas personalidades e procuro sempre destacar eventos que despertem um efeito dominó que proporcione o desenvolvimento da narrativa. Quando começo a imaginar os personagens, procuro definir como eles se parecem, que elementos adicionais podem tornar a estrutura narrativa ainda mais rica. Outra coisa importante também é obter referências visuais para o período e local onde a história acontece.
Depois vou precisar de trabalhar no storyboard, projectar os layouts das páginas, criar os painéis individuais, a composição, a continuidade, a iluminação... (as técnicas que uso estão no meu livro "Framed Ink "). Na arte-final, procuro manter um estilo solto e fresco utilizando os pincéis.
Pode-nos falar sobre os seus projetos futuros?
Além do meu trabalho em animação na Dreamworks como artista de desenvolvimento visual e depois dos meus livros da série "Framed Ink" (2010) e da graphic novel "Trail of Steel" (2012), estou a trabalhar em dois novos livros sobre a perspectiva técnica vocacionados principalmente para storytellers visuais chamados "Framed Perspective 1 e 2". Não poderia estar mais entusiasmado com o lançamento. São livros projetados para serem um guia prático e útil para os artistas visuais ( de BD, storyboarders, ilustradores, concept designers...). Gastei muito tempo e trabalho para criá-los e saber que eles estão finalmente a ir para a impressão é realmente fantástico.
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.