RESENHA BD
Jardim dos Espectros
Fábio Veras
2018-11-05
Tenho por hábito zurzir na Escorpião Azul, editora que me parece padecer em excesso do mal das boas intenções. Faz um trabalho notável na edição de novas e promissoras vozes da Banda Desenhada portuguesa, ou dando espaço autores veteranos que querem escapar aos problemas da auto-edição. Mas tem uma aproximação à edição muito laxista. Foram demasiados os livros deles que li que pensei bolas, isto podia ser muito melhor, se o editor se tivesse dado ao trabalho de agir como editor e tivesse dado indicações ao argumentista sobre como melhorar o texto, ou ao ilustrador sobre a qualidade do desenho. A médio prazo, acaba por ser algo que descredibiliza a edição. Quando olho para um lançamento e vejo Escorpião Azul, penso logo duas vezes antes de pegar no livro.
Há exceções. Há aqueles raros livros que funcionam tal e qual como saem da mente, e do traço, dos seus criadores. Este Jardim dos Espectros é uma dessas exceções. Fiquei surpreendido com a idade do autor, o trabalho que mostra neste livro revela uma maturidade narrativa e gráfica muito elevada. Quando comecei a escrever este texto, o livro estava nomeado para os prémios Amadora BD. É mais um indicador da qualidade desta obra. Infelizmente, não passou da nomeação.
Tenho por hábito zurzir na Escorpião Azul, editora que me parece padecer em excesso do mal das boas intenções. Faz um trabalho notável na edição de novas e promissoras vozes da Banda Desenhada portuguesa, ou dando espaço autores veteranos que querem escapar aos problemas da auto-edição. Mas tem uma aproximação à edição muito laxista. Foram demasiados os livros deles que li que pensei bolas, isto podia ser muito melhor, se o editor se tivesse dado ao trabalho de agir como editor e tivesse dado indicações ao argumentista sobre como melhorar o texto, ou ao ilustrador sobre a qualidade do desenho. A médio prazo, acaba por ser algo que descredibiliza a edição. Quando olho para um lançamento e vejo Escorpião Azul, penso logo duas vezes antes de pegar no livro.
Há exceções. Há aqueles raros livros que funcionam tal e qual como saem da mente, e do traço, dos seus criadores. Este Jardim dos Espectros é uma dessas exceções. Fiquei surpreendido com a idade do autor, o trabalho que mostra neste livro revela uma maturidade narrativa e gráfica muito elevada. Quando comecei a escrever este texto, o livro estava nomeado para os prémios Amadora BD. É mais um indicador da qualidade desta obra. Infelizmente, não passou da nomeação.
A maior surpresa deste livro está ao nível gráfico. Fábio Veras consegue manter um traço expressivo, algo assombrado, de forma coerente ao longo das pranchas. O grafismo salta à vista, e creio que o livro perde por ser editado a preto e branco. O trabalho com planos de visão expressos em tonalidades, a omnipresença expressa de forma subtil da floresta, é verdadeiramente notável. Suspeito que em registo de cores, seria esplendoroso.
A história mergulha-nos num mundo fantástico, com toques de horror, fortemente atemporal. Não é uma história de passados ou presentes, o tempo aqui não conta. Estamos dentro de uma floresta de maldições, onde os espectros imperam, e somos levados a descobrir a origem da maldição. Mais não conto, que este livro vale bem a pena ser lido. Não temam as almas penadas invocadas pelo traço de Fábio Veras.
A maior surpresa deste livro está ao nível gráfico. Fábio Veras consegue manter um traço expressivo, algo assombrado, de forma coerente ao longo das pranchas. O grafismo salta à vista, e creio que o livro perde por ser editado a preto e branco. O trabalho com planos de visão expressos em tonalidades, a omnipresença expressa de forma subtil da floresta, é verdadeiramente notável. Suspeito que em registo de cores, seria esplendoroso.
A história mergulha-nos num mundo fantástico, com toques de horror, fortemente atemporal. Não é uma história de passados ou presentes, o tempo aqui não conta. Estamos dentro de uma floresta de maldições, onde os espectros imperam, e somos levados a descobrir a origem da maldição. Mais não conto, que este livro vale bem a pena ser lido. Não temam as almas penadas invocadas pelo traço de Fábio Veras.
Artur Coelho
Jardim dos Espectros
Autor: Fábio Veras
Editora: Escorpião Azul
Ano de edição: 2018
Páginas: 64, capa mole
Preço: 10€