RESENHA BD
Holy #05, Rafael Marques e Katiurna
05-11-2022
Aparenta não terminar, mas termina, uma das histórias de banda desenhada intrigantes que tenho vindo a seguir. A cada novo número, os criadores de Holy iam adensando um interessante mundo ficcional, no que prometia ser uma longa narrativa. Infelizmente, o projeto teve de terminar neste quinto volume. A história conclui-se de forma aberta, com todos os personagens em jogo, mas deixando uma sensação de final de arco narrativo. Há que elogiar a escolha da equipa criativa. Podiam ter tentado enfiar tudo o que queriam fazer neste número 5, mas optaram por manter o ritmo narrativo. Finaliza, mas fica em aberto para uma eventual continuação.
Claro que um leitor de banda desenhada portuguesa sabe que neste tipo de projetos, as pausas são terminais. A vida acontece, e as promessas de futura continuidade são, quando muito, suspiros bem intencionados para mitigar o fim do projeto. Faz parte do ciclo de criação numa cultura de nicho, que apesar de viver um momento editorial muito bom, tem as suas limitações, especialmente no que toca a projectos independentes.
Uma das intrigantes ambições desta dupla de jovens criadores era a de manter um título regular, à semelhança dos comics americanos. Holy foi estruturado dessa forma. Fazer isso é arriscado, num país onde lojas especializadas em banda desenhada não abundam (mas pelo menos já existem, apesar de circunscritas às grandes cidades), e as livrarias se alimentam com uma dieta restrita de edições com algum sucesso garantido (essencialmente manga, comics e bd francófona, que está a regressar aos leitores). Apesar disso, o projecto foi tendo continuidade.
Aparenta não terminar, mas termina, uma das histórias de banda desenhada intrigantes que tenho vindo a seguir. A cada novo número, os criadores de Holy iam adensando um interessante mundo ficcional, no que prometia ser uma longa narrativa. Infelizmente, o projeto teve de terminar neste quinto volume. A história conclui-se de forma aberta, com todos os personagens em jogo, mas deixando uma sensação de final de arco narrativo. Há que elogiar a escolha da equipa criativa. Podiam ter tentado enfiar tudo o que queriam fazer neste número 5, mas optaram por manter o ritmo narrativo. Finaliza, mas fica em aberto para uma eventual continuação.
Claro que um leitor de banda desenhada portuguesa sabe que neste tipo de projetos, as pausas são terminais. A vida acontece, e as promessas de futura continuidade são, quando muito, suspiros bem intencionados para mitigar o fim do projeto. Faz parte do ciclo de criação numa cultura de nicho, que apesar de viver um momento editorial muito bom, tem as suas limitações, especialmente no que toca a projectos independentes.
Uma das intrigantes ambições desta dupla de jovens criadores era a de manter um título regular, à semelhança dos comics americanos. Holy foi estruturado dessa forma. Fazer isso é arriscado, num país onde lojas especializadas em banda desenhada não abundam (mas pelo menos já existem, apesar de circunscritas às grandes cidades), e as livrarias se alimentam com uma dieta restrita de edições com algum sucesso garantido (essencialmente manga, comics e bd francófona, que está a regressar aos leitores). Apesar disso, o projecto foi tendo continuidade.
Fica aqui uma elegia ao trabalho interessante, evolutivo e algo ingénuo de Rafael Marques como argumentista e Katiurna como ilustradora. As suas vozes pareceram-me promissoras. A história que criaram e ilustraram manteve o meu interesse e, ao finalizar, deixa saudades. Não é um trabalho perfeito. O argumento arriscava a complexidade e, dado o hiato entre edições, nem sempre era fácil acompanhar os fios narrativos. A ilustração funcionava muito bem nos planos de pormenor e figura humana, mas o trabalho de cenários e composição nem por isso. Em parte pela óbvia influência estética do manga, mas também pela incipiência dos autores. Note-se que isto não é crítica negativa, há que começar, e é a fazer, a praticar desenho e banda desenhada, que se melhora e afina o estilo. Se algo se nota neste projecto, é que os seus criadores têm vozes próprias e estilos bem definidos, a evoluir.
Assim termina esta história de anjos caídos por compaixão, céus dominados por entidades demoníacas que instrumentalizam os anjos para se tornarem assassinos, e a ausência de divindades. Um divertido cruzamento entre Wings of Desire e Pulp Fiction, diria. Espero voltar a ler a voz destes criadores em futuros projetos, quer mantendo a equipa, quer noutros.
Artur Coelho
Assim termina esta história de anjos caídos por compaixão, céus dominados por entidades demoníacas que instrumentalizam os anjos para se tornarem assassinos, e a ausência de divindades. Um divertido cruzamento entre Wings of Desire e Pulp Fiction, diria. Espero voltar a ler a voz destes criadores em futuros projetos, quer mantendo a equipa, quer noutros.
Artur Coelho
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Holy #05
Autor: Rafael Marques, Katiurna
Editora: RK Comics
Ano de edição: 2022
Páginas: 22 páginas, capa mole
Preço: 7€
Holy #05
Autor: Rafael Marques, Katiurna
Editora: RK Comics
Ano de edição: 2022
Páginas: 22 páginas, capa mole
Preço: 7€