ENTREVISTA EXCLUSIVA COM FABIANO NEVES
2016-03-21
Fabiano Neves é um autor de BD brasileiro que trabalha já há alguns anos nos comics americanos e o seu trabalho artístico tem vindo a conquistar admiradores.
É possível aceder a mais informação em relação ao seu trabalho em:
http://fabianoneves.deviantart.com/
www.facebook.com/FabianoNevesArtist
Fabiano Neves é um autor de BD brasileiro que trabalha já há alguns anos nos comics americanos e o seu trabalho artístico tem vindo a conquistar admiradores.
É possível aceder a mais informação em relação ao seu trabalho em:
http://fabianoneves.deviantart.com/
www.facebook.com/FabianoNevesArtist
Biografia
Nasceu em 1975 e trabalha profissionalmente como desenhista desde os 19 anos. Teve o seu 1º trabalho publicado nos EUA pela Dark Horse, a edição número 5 do titulo Xena Warrior Princess. Além da Dark Horse também já teve trabalhos publicados pelas grandes editoras como a Marvel, a DC e a Dynamite. Actua também no mercado de Concept art (games) , animação e cinema.
Entrevista
Poderia falar-nos um pouco da sua relação com a HQ e ilustração desde a infância ?
Eu leio quadrinhos desde criança, tudo que caía nas minhas mãos eu lia. Disney, Mauricio de Souza, Recruta Zero, qualquer coisa. Por volta dos 9-10 anos, conheci os quadrinhos da Marvel e depois a DC . Lembro-me duma edição da revista O Incrível Hulk - no Brasil saiam três historias de diferentes personagens numa edição só. A primeira historia que eu li foi a do ROM - O Cavaleiro do Espaço. Naquela época, eu não tinha a menor ideia que um dia poderia fazer aquele tipo de arte, para mim era uma coisa meio que do outro mundo . A partir daí não parei mais de ler quadrinhos, sempre dando preferencia à Marvel/DC. O meu pai lia toda noite o Tex e o The Phantom, só que eu não gostava por ser faroeste e a arte em preto e branco... isso só mostra o quanto eu não sabia de quadrinhos na época, pois é hoje esse o estilo pelo qual sou apaixonado. Só comecei a desenhar quadrinhos por volta dos 18-19 anos, fazendo testes para as editoras americanas pela Art & Comics. Eu desenhava bem, mas sem o menor conhecimento de quadrinhos. Aprendi muito com o Helcio de Carvalho que era o manager da Art & Comics na época. Só depois de 2 ou 3 anos tentando é que consegui atingir um nível de trabalho em que pudesse ser agenciado por eles e um pouco depois disso foi meu primeiro trabalho nos EUA, na revista XSE da Marvel. O meu nome nem foi creditado na edição, mas fiquei muito feliz , foi uma aprendizagem imensa. A primeira edição em que o meu nome apareceu nos créditos foi a edição 05 da Xena, publicado pela Dark Horse por volta do ano 2000.
E influencias artísticas de autores, pode destacar algumas?
As minhas principais influencias no inicio eram Marc Silvestri, Jim Lee e John Buscema. Hoje em dia há tanta gente boa que de alguma maneira me influencia que a lista ficaria gigante.
Poderia explicar-nos um pouco como é o seu método de trabalho quando está a criar uma HQ?
Eu recebo o roteiro e leio umas duas ou três vezes. Começo então a fazer os thumbnails dos painéis na própria folha do roteiro. Depois disso começo a "layoutar" as paginas. Essa parte do layout é a mais trabalhosa para mim. Após o layout definido, faço a lápis de maneira bem solta pois como eu faço a minha arte-final, muitos problemas eu resolvo na tinta. Hoje em dia quando faço arte-interna de uma revista, o processo é 100% digital. Só quando faço capas é que mantenho o processo da arte tradicional pois adoro trabalhar com copics. Faço a arte-final em tons de cinza tradicionalmente e a as cores no Photoshop.
Como foi fazer várias capas para a Dynamite Entretainement (Red Sonja, Vampirella...)?
Foi bem legal, mas chegou um tempo que ficou meio repetitivo. Fiz mais de 160 capas para a Dynamite e um dos principais problemas era que eu quase nunca sabia o que acontecia na história, então as capas ficavam meio "genéricas". Quando eu também ilustrava, a arte-interna ficava mais fácil, pois assim conseguia fazer a capa relacionda com algo que acontecia na historia. De qualquer maneira, foi muito divertido, como eu disse acima, eu amo trabalhar tradicionalmente com copics em tons de cinza.
Pode-nos falar um pouco das suas colaborações nos comics americanos?
Segue uma lista atualizada do que eu já fiz para o mercado americano:
Xena Warrior Princess (Dark Horse)
Dungeon Seige (Dark Horse)
Echoes of Down (Trepidation Comix)
The Rock (Chaos Comics)
Chastity (Chaos Comics)
Lady Death/ Bedlam (Chaos Comics)
Purgatory The Hunted (Chaos Comics)
Purgatory Darkest Hour (Chaos Comics)
Purgatory Re-Imagined (Chaos Comics)
Purgatory Heartbreaker (Chaos Comics)
Xena (Dynamite)
Dark Xena (Dynamite)
Army of Darkness (Dynamite)
Xena/Army of Darkness (Dynamite)
Super Zombies (Dynamite)
Darkman (Dynamite)
Savage Tales (Dynamite)
Marvel Zombies vs Army of Darkness (Marvel Comics / Dynamite)
Red Sonja (Dynamite)
Athena (Dynamite)
Airwolf Airstrikes ( Lion Forge Comics)
Queen Sonja (Dynamite)
The Phantom (Dynamite)
Robocop (Dynamite)
Vampirella (Dynamite)
Dejah Thoris (Dynamite)
Rampage Jackson Street Soldier (Lion Forge Comics)
Chavo Guerrero (Lion Forge Comics)
JLA's Vibe ( DC Comics)
Constantine (DC Comics)
The Few and Cursed ( Personal Project)
Se pudesse escolher, quais os trabalhos que gostaria de fazer no mundo dos comics americanos? Quais escolheria por se identificar com eles?
Eu nunca pensei em trabalhar com algum personagem em especifico, sempre gostei de desenhar independentemente do personagem. Talvez por ser algo que leio há muito tempo, gostaria um dia de fazer algo do Conan. Tive a chance de fazer duas capas alternativas para a série "Conan e Red Sonja", mas seria divertido fazer a arte-interna. Mas hoje o que eu gostaria mesmo é de publicar "Os Poucos & Amaldiçoados" no mercado americano. É um projeto a que me estou a dedicar muito e em que acredito muito no potencial da história. Além de ser um sentimento totalmente diferente trabalhar num projeto pessoal.
Como tem corrido a relação com o Felipe Cagno na mini-série "Os Poucos & Amaldiçoados"?
É muito facil trabalhar com amigos. O Felipe Cagno é muito profissional e um cara apaixonado pelo que faz.
Esperava que a campanha da Catarse tivesse sido o sucesso que foi?
Eu esperava que corresse bem pelo potencial que tem o projeto, mas não esperava que corresse tão bem assim como correu na primeira edição. O que a gente espera agora é que, a cada edição, o número de apoiantes aumente pois assim vamos ter a certeza de que o público está gostando do que estamos fazendo. Numa edição única, o apoiante pode, depois de receber o projeto, não gostar do que recebeu. Mas no caso de uma mini-série, temos de entregar o melhor trabalho possível paro o cara voltar e apoiar as edições seguintes. Se não mantivermos a qualidade nas próximas edições, o apoiante não volta.
A campanha da Catarse conseguiu seduzir muitos financiadores graças às variadas recompensas, isso explica o sucesso?
Foi uma série de factores...o facto do Felipe entender tudo da Catarse e já ter uma base de fãs na plataforma foi algo fundamental também. A qualidade do projecto foi outra. É tudo muito trabalhoso e custoso, muitas vezes os números enganam. O fundamental para a gente é ir aumentando gradualmente o número de apoiantes a cada edição.
Tem existido um feedback positivo com os leitores?
O feedback tem sido fantástico! O mais legal de tudo isso acaba sendo esse feedback positivo, que nos mostra que estamos indo no caminho certo.
Notei na série "Os Poucos & Amaldiçoados" uma certa influência da HQ europeia...
Eu sou completamente apaixonado pelos quadrinhos europeus e acho que isso transpareceu na arte da revista . Espero algum dia ter a chance de fazer algo especifico para o mercado europeu, é o estilo de HQ que eu me vejo fazendo futuramente.
Projectos futuros em HQ?
Ainda temos muito trabalho com "Os Poucos e Amaldiçoados", e mesmo depois que terminarmos essa primeira mini-serie, ainda tem muita historia pra ser contada da Ruiva ... muito obrigado pela oportunidade dessa entrevista.
Grande abraço.
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.