RESENHA BD
Dylan Dog: O Velho Que Lê, Até Que A Morte Vos Separe, Attaverso lo Specchio
06-08-2019
Finalmente, penso eu com fã daquele que é um dos mais intrigantes personagens do Fumetti. Finalmente, as aventuras de Dylan Dog estão a chegar a um público português mais alargado do que o punhado de conhecedores que tem tido acesso às edições italianas. O primeiro gesto veio da Levoir, que publicou dois volumes de Dylan Dog na sua coleção dedicada ao fumetti. Segue-se a G.floy, que publica agora mais dois na Aleph. Esta é uma nova coleção que parece prometer mais títulos deste personagem no futuro.
Podia-se falar de cada um individualmente, mas tendo sido lançados em simultâneo, abordamos aqui as suas duas novas edições portuguesas. E como sou grande fã do simbolismo das tríades, termina-se com algo que por enquanto não está publicado por cá, mas que marca o momento em que percebi a profundidade deste personagem criado por Tiziano Sclavi.
Finalmente, penso eu com fã daquele que é um dos mais intrigantes personagens do Fumetti. Finalmente, as aventuras de Dylan Dog estão a chegar a um público português mais alargado do que o punhado de conhecedores que tem tido acesso às edições italianas. O primeiro gesto veio da Levoir, que publicou dois volumes de Dylan Dog na sua coleção dedicada ao fumetti. Segue-se a G.floy, que publica agora mais dois na Aleph. Esta é uma nova coleção que parece prometer mais títulos deste personagem no futuro.
Podia-se falar de cada um individualmente, mas tendo sido lançados em simultâneo, abordamos aqui as suas duas novas edições portuguesas. E como sou grande fã do simbolismo das tríades, termina-se com algo que por enquanto não está publicado por cá, mas que marca o momento em que percebi a profundidade deste personagem criado por Tiziano Sclavi.
O Velho Que Lê
Sendo uma personagem de longa história e sucesso editorial, Dylan Dog tem passado pelas mãos de muitos argumentistas que trabalham para a casa Bonelli. Com resultados mistos. São raros os que conseguem perceber o Dylan Dog de Sclavi, e seguem o caminho mais simplista de misto de policial com sobrenatural. A par de Roberto Recchioni, que é agora o curador da personagem e autor de algumas das suas melhores histórias recentes, Fabio Celoni é outro dos que compreende bem o real significado de Dylan Dog. Algo que está patente neste fantástico O Velho Que Lê.
Nesta aventura do Old Boy, este mergulha nas memórias do imaginário de um homem idoso. Anónimo, passa despercebido na cidade. Ler é a sua paixão, e no interior das suas memórias o passado real mescla-se com fragmentos literários. Este é o ponto de partida para uma história erudita, surreal e tocante, onde o sobrenatural se cruza com reflexos das grandes histórias da literatura. Não é uma história de Sclavi, mas podia ser. Não quero com isto dizer que Celoni lhe emule o estilo. A sua voz é própria e pessoal, distinta da de Sclavi, mas mostrando que compreende profundamente a lógica de Dylan Dog. Celoni também assina a ilustração, num traço expressivo e detalhado que sublinha o realismo mágico da narrativa.
Para encerrar a edição, uma verdadeira pérola. A Pequena Biblioteca de Babel é uma profunda homenagem de Tiziano Sclavi a Jorge Luís Borges. Uma história curta, de um profundo fantástico, talvez uma das melhores de Dylan Dog.
Até que a morte vos separe
Apesar de Dylan Dog ser, em essência, um título dedicado ao fantástico e sobrenatural, uma das suas riquezas está na forma como muitas das suas histórias escapam aos estereótipos do género, e, muitas vezes, não têm qualquer elemento do oculto. Embora mantenham sempre o tom para lá do real do fantástico. Colocando a coisa de forma mais simples, nem sempre o indagatore dell'incubi se vê metido em pesadelos fantasmáticos.
Uma das curiosidades de Dylan Dog, que João Lameiras aponta muito bem no prefácio do livro, é que a origem deste personagem não foi estabelecida logo de início. Não há vielas em Gotham ou naves-berço despenhadas nas planícies do Kansas. As origens da personagem foram-se construindo ao longo do tempo, e ainda hoje pode ser definidas. Na sua essência, Dylan é o investigador do sobrenatural, abstémio depois de lutar contra o alcoolismo, ex-polícia que encontra muitos casos na amizade com o Inspector Bloch (recentemente, a relação com a Scotland Yard torna-se mais complexa com a reforma de Bloch e sua substituição por um irado Inspetor Carpenter, que detesta Dylan e anda sempre em busca de motivos para o prender, e da detetive Raina, igualmente cética em relação a Dylan, mas cujo coração a faz ajudar o personagem). Tem como grande companheiro um homem que encarna a figura de Groucho Marx, uma casa com decoração admirável nas suas fantasmagorias, e uma campainha sempre avariada que soa a gritos quando tocada no número 7 de Craven Road. Na rua real, ali para os lados de Paddington e a um pulinho de Hyde Park, há um café temático sobre o personagem nesse número de porta. E, claro, as eternas e efémeras paixões de Dylan, que acabam sempre de forma triste. Só não sabemos como é que se chegou a este ponto. É algo que os argumentistas do personagem pegam de vez em quando, especialmente em edições comemorativas da série.
Nesta aventura do Old Boy, os pesadelos são os da história recente da Grã Bretanha. Somos levados ao passado de Dylan, quando ainda polícia de rua, prestes a ser promovido a detetive. Numa Londres dos anos 80, a ferro e fogo pelo terrorismo do IRA. É inevitável que Dylan se cruze com os bombistas irlandeses, e falo-á com uma personagem tocante. Conhecerá Lilly, uma jovial e nem sempre coerente jovem irlandesa a viver em Londres. A paixão nasce entre os dois (leitores assíduos da série sabem que é inevitável Dylan apaixonar-se pelas mulheres com que se cruza, à exceção de Madame Trelkovsky), mas o amor é complicado pela bizarra personalidade da jovem, e por esta ser também uma agente do IRA, que espalha bombas pela cidade. Neste mergulho no passado da sua personagem, Sclavi aproveita para falar das guerras sujas entre governos e combatentes irregulares, dos excessos da lei e das forças de segurança, dos traumas das vítimas de atentados. A paixão impossível de Dylan é tocante, e leva-o a enfrentar o establishment para o qual trabalha. E a amargura do final representa o primeiro passo em direção ao alcoolismo.
Num pormenor curioso, Dylan cruza-se de raspão com um homem que encarna Groucho Marx numa manifestação. É um encontro fugaz, que termina com os dois a afastarem-se. Esta história que complementa do passado de Dylan Dog não é sobre a forma como os dois se cruzam e tornam amigos. Essa tarefa ficaria para Paola Barbato no bicentésimo número da revista, um delicioso visitar do passado em que não só ficamos a conhecer como Dylan e Groucho se juntaram (spoiler: durante uns tempos, Groucho serve de assombração nos casos fantasmagóricos que Dylan investiga, num esquema de dinheiro fácil com clientes mais ingénuos), e até como é que adquire o seu eternamente decrépito Carocha de matrícula 666. Há muito para descobrir no passado desta personagem nascida in media res. Sclavi deu muitas pistas, e os seus continuadores, pontualmente, vão revisitando, ou melhor, criando o seu passado. Tudo a aprofundar a mística deste personagem singular.
Apesar de Dylan Dog ser, em essência, um título dedicado ao fantástico e sobrenatural, uma das suas riquezas está na forma como muitas das suas histórias escapam aos estereótipos do género, e, muitas vezes, não têm qualquer elemento do oculto. Embora mantenham sempre o tom para lá do real do fantástico. Colocando a coisa de forma mais simples, nem sempre o indagatore dell'incubi se vê metido em pesadelos fantasmáticos.
Uma das curiosidades de Dylan Dog, que João Lameiras aponta muito bem no prefácio do livro, é que a origem deste personagem não foi estabelecida logo de início. Não há vielas em Gotham ou naves-berço despenhadas nas planícies do Kansas. As origens da personagem foram-se construindo ao longo do tempo, e ainda hoje pode ser definidas. Na sua essência, Dylan é o investigador do sobrenatural, abstémio depois de lutar contra o alcoolismo, ex-polícia que encontra muitos casos na amizade com o Inspector Bloch (recentemente, a relação com a Scotland Yard torna-se mais complexa com a reforma de Bloch e sua substituição por um irado Inspetor Carpenter, que detesta Dylan e anda sempre em busca de motivos para o prender, e da detetive Raina, igualmente cética em relação a Dylan, mas cujo coração a faz ajudar o personagem). Tem como grande companheiro um homem que encarna a figura de Groucho Marx, uma casa com decoração admirável nas suas fantasmagorias, e uma campainha sempre avariada que soa a gritos quando tocada no número 7 de Craven Road. Na rua real, ali para os lados de Paddington e a um pulinho de Hyde Park, há um café temático sobre o personagem nesse número de porta. E, claro, as eternas e efémeras paixões de Dylan, que acabam sempre de forma triste. Só não sabemos como é que se chegou a este ponto. É algo que os argumentistas do personagem pegam de vez em quando, especialmente em edições comemorativas da série.
Nesta aventura do Old Boy, os pesadelos são os da história recente da Grã Bretanha. Somos levados ao passado de Dylan, quando ainda polícia de rua, prestes a ser promovido a detetive. Numa Londres dos anos 80, a ferro e fogo pelo terrorismo do IRA. É inevitável que Dylan se cruze com os bombistas irlandeses, e falo-á com uma personagem tocante. Conhecerá Lilly, uma jovial e nem sempre coerente jovem irlandesa a viver em Londres. A paixão nasce entre os dois (leitores assíduos da série sabem que é inevitável Dylan apaixonar-se pelas mulheres com que se cruza, à exceção de Madame Trelkovsky), mas o amor é complicado pela bizarra personalidade da jovem, e por esta ser também uma agente do IRA, que espalha bombas pela cidade. Neste mergulho no passado da sua personagem, Sclavi aproveita para falar das guerras sujas entre governos e combatentes irregulares, dos excessos da lei e das forças de segurança, dos traumas das vítimas de atentados. A paixão impossível de Dylan é tocante, e leva-o a enfrentar o establishment para o qual trabalha. E a amargura do final representa o primeiro passo em direção ao alcoolismo.
Num pormenor curioso, Dylan cruza-se de raspão com um homem que encarna Groucho Marx numa manifestação. É um encontro fugaz, que termina com os dois a afastarem-se. Esta história que complementa do passado de Dylan Dog não é sobre a forma como os dois se cruzam e tornam amigos. Essa tarefa ficaria para Paola Barbato no bicentésimo número da revista, um delicioso visitar do passado em que não só ficamos a conhecer como Dylan e Groucho se juntaram (spoiler: durante uns tempos, Groucho serve de assombração nos casos fantasmagóricos que Dylan investiga, num esquema de dinheiro fácil com clientes mais ingénuos), e até como é que adquire o seu eternamente decrépito Carocha de matrícula 666. Há muito para descobrir no passado desta personagem nascida in media res. Sclavi deu muitas pistas, e os seus continuadores, pontualmente, vão revisitando, ou melhor, criando o seu passado. Tudo a aprofundar a mística deste personagem singular.
Attraverso Lo Specchio
Recordo o momento exato em que percebi que me tinha apaixonado por Dylan Dog. Parti à sua descoberta numa tentativa de quebrar os grilhões francófonos e anglo-americanos da BD que consumo, e também para perceber se a BD italiana era mais do que o infinitamente desinteressante Tex que se podia encontrar nas bancas em Portugal (e, com isto que escrevi, acabei de comprar inimizades potencialmente fatais com os fãs de Tex). Fui descobrindo um personagem curioso numa língua inteligível, apesar de nunca a ter estudado. Mas não passava de uma curiosidade, entre outras que encontrei do fumetti, que me intrigaram, me deixaram mais conhecedor, mas não cativaram. Até ao momento em que li esta história singular. Foi aqui que percebi o alcance de Sclavi, a profundidade insuspeita dos seus argumentos, a complexidade por vezes não linear das suas narrativas, a forma surreal como aborda o fantástico. E, claro, a sua profunda erudição e propensão para discretas pérolas de homenagem à literatura, cinema e música. O ponto exato em que percebi isso está na espantosa sequência que inicia esta que foi das primeiras aventuras do Old Boy: um baile de máscaras, em tudo evocativo de Poe transmutado pelas ambiências do estilo de Roger Corman.
A história de Attraverso Lo Specchio é enganadoramente simples. Uma mulher, antiga paixão de Dylan (é um tema comum na série). Um espelho, que ela julga embruxado. Uma sequência de mortes violentas, que nos são apresentadas como misteriosas, mas perfeitamente explicáveis entre acidentes, crimes banais e problemas de saúde. E a Morte, que se tornará ela própria um personagem recorrente na série, que se diverte criando uma pequena farsa com espelhos e a mulher que Dylan amou. É compreensível. Todos nós temos fazemos nos nossos trabalhos pequenos jogos que nos divertem e aliviam o tédio laboral. Com a Morte, não é diferente.
Este fio condutor linear segura inúmeras vinhetas narrativas que ramificam a narrativa. Cada morte tem uma história própria, que poderia ser perfeitamente todo um livro. Algumas enternecedoras, outras arrepiantes. Até em mescla destas duas sensações. Mas são histórias com uma finalidade, frutos nascidos de uma narrativa central em que o bombardeamento referencial é constante. Policial noir, histórias de giallo com assassinos e mafiosos. Criaturas horrendas que estraçalham vítimas. Mulheres que ao espelho se descobrem cadáveres. Assombrações no final da vida. Uma mescla de referências estilísticas ao horror clássico, encimada por muito nítidas homenagens a Carroll e os seus espelhos, a Poe e aos ratos que transmitem a morte vermelha por entre os aristocratas mascarados, e Bergman e a sua Morte jogadora.
É por isto que regresso a Dylan Dog, nasceu daqui o meu gosto pela personagem. Trabalhando nos espartilhos da ficção popular, Tiziano Sclavi conseguia ir muito mais além do que o normal nos argumentos de banda desenhada de massas. A perenidade da personagem que criou mostra isso. Na minha biblioteca, junto das edições da Levoir que, finalmente, começam a trazer este personagem aos leitores portugueses, estão os fumetti em revista com que corro o risco de ultrapassar os limites de peso na bagagem sempre que tenho oportunidade de ir a Itália. Entre os quais se conta a reedição em capa dura deste livro, que abre toda uma coleção de prestígio da Bonelli que reedita as melhores histórias de Dylan Dog. Tem como único defeito o ser uma edição colorida. Por razões de economia editorial, Dylan Dog é geralmente editado a preto e branco. Exceto edições especiais, ou livros da série a cores, onde os desenhos são pensados para a cor. Não é o caso da maior parte das histórias do personagem, criadas para o registo preto e branco. Quando coloridas, a história perde um pouco, a cor é meramente decorativa. Percebo com isto o que João Lameiras observa no prefácio de Até que a morte vos separe sobre a decisão de editar por cá Dylan Dog a preto e branco. Há o lado prático da economia, mas de facto, se se quiser conhecer bem o personagem e a sua estética, é no registo a preto e branco que melhor nos apercebemos da sua qualidade.
Recordo o momento exato em que percebi que me tinha apaixonado por Dylan Dog. Parti à sua descoberta numa tentativa de quebrar os grilhões francófonos e anglo-americanos da BD que consumo, e também para perceber se a BD italiana era mais do que o infinitamente desinteressante Tex que se podia encontrar nas bancas em Portugal (e, com isto que escrevi, acabei de comprar inimizades potencialmente fatais com os fãs de Tex). Fui descobrindo um personagem curioso numa língua inteligível, apesar de nunca a ter estudado. Mas não passava de uma curiosidade, entre outras que encontrei do fumetti, que me intrigaram, me deixaram mais conhecedor, mas não cativaram. Até ao momento em que li esta história singular. Foi aqui que percebi o alcance de Sclavi, a profundidade insuspeita dos seus argumentos, a complexidade por vezes não linear das suas narrativas, a forma surreal como aborda o fantástico. E, claro, a sua profunda erudição e propensão para discretas pérolas de homenagem à literatura, cinema e música. O ponto exato em que percebi isso está na espantosa sequência que inicia esta que foi das primeiras aventuras do Old Boy: um baile de máscaras, em tudo evocativo de Poe transmutado pelas ambiências do estilo de Roger Corman.
A história de Attraverso Lo Specchio é enganadoramente simples. Uma mulher, antiga paixão de Dylan (é um tema comum na série). Um espelho, que ela julga embruxado. Uma sequência de mortes violentas, que nos são apresentadas como misteriosas, mas perfeitamente explicáveis entre acidentes, crimes banais e problemas de saúde. E a Morte, que se tornará ela própria um personagem recorrente na série, que se diverte criando uma pequena farsa com espelhos e a mulher que Dylan amou. É compreensível. Todos nós temos fazemos nos nossos trabalhos pequenos jogos que nos divertem e aliviam o tédio laboral. Com a Morte, não é diferente.
Este fio condutor linear segura inúmeras vinhetas narrativas que ramificam a narrativa. Cada morte tem uma história própria, que poderia ser perfeitamente todo um livro. Algumas enternecedoras, outras arrepiantes. Até em mescla destas duas sensações. Mas são histórias com uma finalidade, frutos nascidos de uma narrativa central em que o bombardeamento referencial é constante. Policial noir, histórias de giallo com assassinos e mafiosos. Criaturas horrendas que estraçalham vítimas. Mulheres que ao espelho se descobrem cadáveres. Assombrações no final da vida. Uma mescla de referências estilísticas ao horror clássico, encimada por muito nítidas homenagens a Carroll e os seus espelhos, a Poe e aos ratos que transmitem a morte vermelha por entre os aristocratas mascarados, e Bergman e a sua Morte jogadora.
É por isto que regresso a Dylan Dog, nasceu daqui o meu gosto pela personagem. Trabalhando nos espartilhos da ficção popular, Tiziano Sclavi conseguia ir muito mais além do que o normal nos argumentos de banda desenhada de massas. A perenidade da personagem que criou mostra isso. Na minha biblioteca, junto das edições da Levoir que, finalmente, começam a trazer este personagem aos leitores portugueses, estão os fumetti em revista com que corro o risco de ultrapassar os limites de peso na bagagem sempre que tenho oportunidade de ir a Itália. Entre os quais se conta a reedição em capa dura deste livro, que abre toda uma coleção de prestígio da Bonelli que reedita as melhores histórias de Dylan Dog. Tem como único defeito o ser uma edição colorida. Por razões de economia editorial, Dylan Dog é geralmente editado a preto e branco. Exceto edições especiais, ou livros da série a cores, onde os desenhos são pensados para a cor. Não é o caso da maior parte das histórias do personagem, criadas para o registo preto e branco. Quando coloridas, a história perde um pouco, a cor é meramente decorativa. Percebo com isto o que João Lameiras observa no prefácio de Até que a morte vos separe sobre a decisão de editar por cá Dylan Dog a preto e branco. Há o lado prático da economia, mas de facto, se se quiser conhecer bem o personagem e a sua estética, é no registo a preto e branco que melhor nos apercebemos da sua qualidade.