RESENHA BD
DJ Cat Gosshie World Tour, de Harukichi
28-06-2022
Costumo evitar as edições da Chili Com Carne (e suas múltiplas encarnações), por ser uma editora representativa de um tipo de banda desenhada que não me toca. O seu esitlo faz-se de espírito irreverente de experimentalismo, quase preso numa espécie de eterna adolescência e foco exclusivo no underground. São vertentes importantes, que devem ter o seu espaço editorial, apenas não se coadunam com os meus gostos enquanto leitor. Nada de mal com isso, mal seria se apenas reinasse um tipo de gosto literário e não houvesse diversidade, se o panorama da BD se resumisse ao eterno tédio comercial dos comics, ou à sua variante mais elegante francófona. O espectro cultural é muito grande, e mesmo num país de mercados reduzidos há, felizmente, espaço para as diversas vertentes.
Podemos julgar um livro pela capa? Dizemos sempre que não, mas na verdade é o primeiro contacto o que nos atrai a atenção. E esta capa de cores garridas atraía a atenção na banca recheada de manga que a Convergência levou à Festa do Japão em Setúbal. Uma capa surreal, luminosa, com um gato a surfar um gira discos em pleno ar. E, diga-se, uma capa representativa do surrealismo do livro. Este é um daqueles livros irresistíveis, pegamos nele, começamos a olhar para o seu interior, e ficamos cativados.
Costumo evitar as edições da Chili Com Carne (e suas múltiplas encarnações), por ser uma editora representativa de um tipo de banda desenhada que não me toca. O seu esitlo faz-se de espírito irreverente de experimentalismo, quase preso numa espécie de eterna adolescência e foco exclusivo no underground. São vertentes importantes, que devem ter o seu espaço editorial, apenas não se coadunam com os meus gostos enquanto leitor. Nada de mal com isso, mal seria se apenas reinasse um tipo de gosto literário e não houvesse diversidade, se o panorama da BD se resumisse ao eterno tédio comercial dos comics, ou à sua variante mais elegante francófona. O espectro cultural é muito grande, e mesmo num país de mercados reduzidos há, felizmente, espaço para as diversas vertentes.
Podemos julgar um livro pela capa? Dizemos sempre que não, mas na verdade é o primeiro contacto o que nos atrai a atenção. E esta capa de cores garridas atraía a atenção na banca recheada de manga que a Convergência levou à Festa do Japão em Setúbal. Uma capa surreal, luminosa, com um gato a surfar um gira discos em pleno ar. E, diga-se, uma capa representativa do surrealismo do livro. Este é um daqueles livros irresistíveis, pegamos nele, começamos a olhar para o seu interior, e ficamos cativados.
A premissa é absurda, são as aventuras de um gato DJ que viaja pelo mundo, toca vinis, fuma umas cenas, cruza-se com diferentes pessoas. Não é suposto ser verosímil, é uma sublimação dos gostos de viajar, gatos e boa música. O livro é feito de episódios onde o gato-dj se descobre a tocar música nos mais inesperados cantos do mundo, inclusive Portugal, num episódio que se lê com o ar delicodoce de um turista influencer underground dopado com castanhas assadas e António Variações. São histórias divertidas, não fazem qualquer sentido, intencionalmente surreais. Este livro tem entrada direta para a categoria dos mais surreais na biblioteca.
um manga inesperado, divertido, luminoso.
A ilustração segue um estilo inocente, luminoso nas cores, realista e expressivo a roçar o psicadélico. Há um pormenor que intriga, apesar de ser uma banda desenhada de um autor japonês, o sentido de leitura é ocidental. Desconheço se foi adaptação aos públicos ocidentais, ou se criada de raiz dessa forma. Uma excelente proposta de banda desenhada independente de vanguarda, sedutora pelo seu grafismo e surrealismo. Agora, é hora de reler o livro para ir ouvir as referências discográficas que o autor polvilhou nas páginas destas aventuras globais de um gato com excelente gosto musical.
Artur Coelho
um manga inesperado, divertido, luminoso.
A ilustração segue um estilo inocente, luminoso nas cores, realista e expressivo a roçar o psicadélico. Há um pormenor que intriga, apesar de ser uma banda desenhada de um autor japonês, o sentido de leitura é ocidental. Desconheço se foi adaptação aos públicos ocidentais, ou se criada de raiz dessa forma. Uma excelente proposta de banda desenhada independente de vanguarda, sedutora pelo seu grafismo e surrealismo. Agora, é hora de reler o livro para ir ouvir as referências discográficas que o autor polvilhou nas páginas destas aventuras globais de um gato com excelente gosto musical.
Artur Coelho
,
DJ Cat Gosshie World Tour
Autor: Harukichi
Editora: Chili Com Carne
Ano de edição: 2022
Páginas: 96 páginas, capa mole
Preço: 12€
DJ Cat Gosshie World Tour
Autor: Harukichi
Editora: Chili Com Carne
Ano de edição: 2022
Páginas: 96 páginas, capa mole
Preço: 12€