RESENHA BD
O Desvio, de Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
29-09-2020
Não costumam acontecer apenas uma vez na vida. Já todos passámos por estes desvios. São aqueles momentos de indefinição, em que algo nos faz questionar o sentido da vida que levamos. Um sentimento que é particularmente sentido no final da adolescência, quando às dores de crescimento se junta a vontade de independência, a volatilidade dos amores, e a pressão de procurar um futuro pessoal e profissional. É nesta encruzilhada que se situa Desvio, uma banda desenhada algo inesperada no panorama editorial.
O livro é inesperado pela temática, bem como pela dupla de autores. Ana Pessoa vem da literatura juvenil e assina aqui a sua primeira novela gráfica. Isso nota-se, pela forma com a história está construída em encadeamento narrativo sem tirar grande partido da linguagem gráfica. Bernardo Carvalho é ilustrador, e isso também se nota. O lado visual arrojado é o que torna este livro uma proposta de leitura muito interessante.
Não costumam acontecer apenas uma vez na vida. Já todos passámos por estes desvios. São aqueles momentos de indefinição, em que algo nos faz questionar o sentido da vida que levamos. Um sentimento que é particularmente sentido no final da adolescência, quando às dores de crescimento se junta a vontade de independência, a volatilidade dos amores, e a pressão de procurar um futuro pessoal e profissional. É nesta encruzilhada que se situa Desvio, uma banda desenhada algo inesperada no panorama editorial.
O livro é inesperado pela temática, bem como pela dupla de autores. Ana Pessoa vem da literatura juvenil e assina aqui a sua primeira novela gráfica. Isso nota-se, pela forma com a história está construída em encadeamento narrativo sem tirar grande partido da linguagem gráfica. Bernardo Carvalho é ilustrador, e isso também se nota. O lado visual arrojado é o que torna este livro uma proposta de leitura muito interessante.
O argumento segue os caminhos algo batidos da ficção juvenil/jovem adulto. Seguimos os pequenos dilemas de um jovem que parece estar a ser acometido por uma forte infecção de acedia. Passa o veráo solitário, em casa dos pais que foram de férias. Não se sente com paciência ou vontade para ir ter com os amigos, que seguem o percurso contemporâneo do verão em festivais. A relação com a namorada está em pausa, talvez porque no fundo ela tenha percebido que os sentimentos do rapaz são superficiais. O verão é passado a fumar, jogar, cinema, passear pela cidade e estudar o código da estrada. A sua única influência externa é uma tia, que vive de forma alternativa ao conservadorismo familiar socialmente aceite por cá. Na verdade, o jovem passa o tempo a pensar na vida, tentando perceber o que quer, e apercebendo-se que não há respostas a estas questões, apenas caminhos que se bifurcam, e terá de escolher o seu. Consegue-o, graças ao telemóvel, que se torna progressivamente importante na sua vida pelas melhores razões possíveis (e mais não digo, porque seria um enorme spoiler, mas digamos que tem a ver com cinema).
A narrativa é fortemente introspetiva, num ritmo necessariamente lento. É a vida e as suas indecisões que estão em evidência numa típica história de dilemas de jovem adulto num contexto de classe média. Que é, parece-me, o público alvo desta novela gráfica.
Onde Desvio se revela como livro a descobrir é no seu grafismo. Talvez sublinhado o lado cru da busca por definição pessoal, as vinhetas explodem com uma paleta de alto contraste e cores primárias. O estilo gráfico segue a estética da ilustração, com um realismo expressivo. Causa impacto, capta o olhar, e torna-se o elemento que nos cativa.
Artur Coelho
A narrativa é fortemente introspetiva, num ritmo necessariamente lento. É a vida e as suas indecisões que estão em evidência numa típica história de dilemas de jovem adulto num contexto de classe média. Que é, parece-me, o público alvo desta novela gráfica.
Onde Desvio se revela como livro a descobrir é no seu grafismo. Talvez sublinhado o lado cru da busca por definição pessoal, as vinhetas explodem com uma paleta de alto contraste e cores primárias. O estilo gráfico segue a estética da ilustração, com um realismo expressivo. Causa impacto, capta o olhar, e torna-se o elemento que nos cativa.
Artur Coelho
Desvio
Autores: Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho
Editora: Planeta Tangerina
Ano de edição: 2020
Páginas: 200 páginas, capa mole
Preço: 18,90€