RESENHA BD
Abandonos, Ricardo Santo
21-11-2021
Se o incêndio de Pedrógão Grande em 2017 ficou na memória como o mais trágico destes acontecimentos na memória recente, não foi um evento único num ano especialmente destrutivo para as florestas portuguesas. A combinação da nossa geografia mediterrânica, desleixo no ordenamento territorial e efeitos das alterações climáticas provocou uma verdadeira catástrofe nacional, com uma temporada onde se sucederam incêndios que tomaram proporções fora de controle.
Abandonos visa despertar a consciência para estes problemas. O foco deste livro é assumido no seu didatismo, usando a narrativa e banda desenhada para falar de forma diferente do problema dos incêndios florestais. O seu ponto de vista é orgânico, construindo-se a partir de depoimentos, e alguma ficção, de pessoas que viveram o pior dos incêndios, e decidiram mobilizar-se a nível local para procurar soluções. Não só despertando consciências, mas trabalhando localmente para reflorestar, procurar soluções sustentáveis, e ajudar a combater uma das grandes causas dos incêndios, a desertificação demográfica num país onde o seu interior está cada vez mais despovoado.
Se o incêndio de Pedrógão Grande em 2017 ficou na memória como o mais trágico destes acontecimentos na memória recente, não foi um evento único num ano especialmente destrutivo para as florestas portuguesas. A combinação da nossa geografia mediterrânica, desleixo no ordenamento territorial e efeitos das alterações climáticas provocou uma verdadeira catástrofe nacional, com uma temporada onde se sucederam incêndios que tomaram proporções fora de controle.
Abandonos visa despertar a consciência para estes problemas. O foco deste livro é assumido no seu didatismo, usando a narrativa e banda desenhada para falar de forma diferente do problema dos incêndios florestais. O seu ponto de vista é orgânico, construindo-se a partir de depoimentos, e alguma ficção, de pessoas que viveram o pior dos incêndios, e decidiram mobilizar-se a nível local para procurar soluções. Não só despertando consciências, mas trabalhando localmente para reflorestar, procurar soluções sustentáveis, e ajudar a combater uma das grandes causas dos incêndios, a desertificação demográfica num país onde o seu interior está cada vez mais despovoado.
Ricardo Santo despertou a atenção da crítica com o recente Planeta Psicose, premiado (com muita justiça) no Amadora BD deste ano. Em Abandonos, segue um outro caminho, por necessidade, mais realista. Tem um claro objetivo, falar de alterações climáticas, problemática dos incêndios, abandono do interior, e do que as pessoas comuns podem fazer para tentar alterar o rumo das coisas. Fá-lo com um traço de realismo leve, realista mas também algo estilizado, num registo bastante suave de cinzentos.
Apesar da mensagem fortíssima deste livro, ao terminar a leitura não o consegui ver como uma obra acabada. A narrativa é dispersa, com múltiplos pontos de vista e personagens cujo percurso nem sempre é claro. Termina de forma inconclusiva, a sensação que fiquei quando virei a última prancha foi que na edição se tinham esquecido de imprimir a página seguinte. A mensagem é poderosa, quer em termos ambientais quer no potencial dos movimentos grass roots para se atirarem aos problemas dos contextos locais, e nisso o livro é bem sucedido, insiste e reforça essas mensagens. Falha na sua construção narrativa, embora esteja visualmente bem conseguido. Terminada a leitura, fiquei com a sensação que li não um livro, mas um estudo gráfico, um esboço de uma obra mais completa.
Artur Coelho
Apesar da mensagem fortíssima deste livro, ao terminar a leitura não o consegui ver como uma obra acabada. A narrativa é dispersa, com múltiplos pontos de vista e personagens cujo percurso nem sempre é claro. Termina de forma inconclusiva, a sensação que fiquei quando virei a última prancha foi que na edição se tinham esquecido de imprimir a página seguinte. A mensagem é poderosa, quer em termos ambientais quer no potencial dos movimentos grass roots para se atirarem aos problemas dos contextos locais, e nisso o livro é bem sucedido, insiste e reforça essas mensagens. Falha na sua construção narrativa, embora esteja visualmente bem conseguido. Terminada a leitura, fiquei com a sensação que li não um livro, mas um estudo gráfico, um esboço de uma obra mais completa.
Artur Coelho
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Abandonos
Autor: Ricardo Santo
Editora: Escorpião Azul
Ano de edição: 2021
Páginas: 40 páginas, capa mole
Preço: 10€
Abandonos
Autor: Ricardo Santo
Editora: Escorpião Azul
Ano de edição: 2021
Páginas: 40 páginas, capa mole
Preço: 10€