RESENHA BD
A Raposa e o Pequeno Tanuki, volume 2, de Mi Tagawa
14-03-2022
A editora Midori volta a mimar-nos com o segundo volume das deliciosas aventuras da Raposa e o Pequeno Tanuki, soberbamente escritas e ilustradas por Mi Tagawa. É uma obra apaixonante pela sua inocência, que nos seduz na sua aparente simplicidade narrativa e estilo visual. O livro promete fofura em todas as páginas (estou a citar a contra-capa do livro), e não desilude. É logo esse o pormenor que nos faz render, o traço elegante de Tagawa, a forma como dá vida aos seus personagens, a elegância e expressividade que coloca no desenho dos seus animais.
Pronto, certo, já tinham percebido com "fofura".
Este segundo volume adensa a relação entre o jovem cão-guaxinim, criatura com enorme potencial mágico que tem de aprender a usar os seus poderes, com o seu guardião. Este é uma raposa pouco matreira e lambisgueira (lamento, fala-se em raposas e penso logo em Aquilino), mas sim uma portentosa e violenta força que foi castigada após ter sido derrotada. E parte do castigo implica tomar conta deste pequeno inexperiente. Aturá-lo, educá-lo, irá suavizar a alma da raposa, limar os seus ímpetos violentos.
A editora Midori volta a mimar-nos com o segundo volume das deliciosas aventuras da Raposa e o Pequeno Tanuki, soberbamente escritas e ilustradas por Mi Tagawa. É uma obra apaixonante pela sua inocência, que nos seduz na sua aparente simplicidade narrativa e estilo visual. O livro promete fofura em todas as páginas (estou a citar a contra-capa do livro), e não desilude. É logo esse o pormenor que nos faz render, o traço elegante de Tagawa, a forma como dá vida aos seus personagens, a elegância e expressividade que coloca no desenho dos seus animais.
Pronto, certo, já tinham percebido com "fofura".
Este segundo volume adensa a relação entre o jovem cão-guaxinim, criatura com enorme potencial mágico que tem de aprender a usar os seus poderes, com o seu guardião. Este é uma raposa pouco matreira e lambisgueira (lamento, fala-se em raposas e penso logo em Aquilino), mas sim uma portentosa e violenta força que foi castigada após ter sido derrotada. E parte do castigo implica tomar conta deste pequeno inexperiente. Aturá-lo, educá-lo, irá suavizar a alma da raposa, limar os seus ímpetos violentos.
No seu cerne, esta é uma história clássica em que alguém endurecido e castigado pela vida reaprende e descobre novas formas de viver, ao ser obrigado a adaptar-se e ensinar um outro que é frágil e inocente. No fundo, um dos grandes temas da literatura infanto-juvenil, o equilíbrio simbiótico entre juventude e experiência.
Tagawa faz um uso sublime dos mitos e iconografias animistas japoneses, invocando uma vasta gama de deuses da natureza e os seus servos animais, que habitam um mundo paralelo ao nosso, onde natureza e magia coexistem. Nas formas e temas do manga, Tagawa ecoa essa continuidade literária da antropomorfização animal, que nos vem de Esopo, e certamente que de mais além, embora as palavras se tenham perdido com o tempo. Correndo o risco de cometer calinada literária, ao longo da leitura do segundo livro senti uma enorme proximidade de Tagawa com Beatrix Potter, pelo cruzamento que ambas fazem entre desenho pensado para encantar o olhar das crianças (e o das crianças que residem dentro de um adulto) e a inocência das suas narrativas.
Uma nota menos positiva para a encadernação. A edição é de mito boa qualidade, excelente papel, mas falha um pouco pelo espaço muito curto das pranchas na encadernação, que dificulta a leitura. Mas não deixem que este pormenor vos trave, e deixe por descobrir o mundo mágico de Mi Tagawa. Atrevam-se e não se arrependem, o delicioso estilo visual desta mangaka é irresistível.
Artur Coelho
Tagawa faz um uso sublime dos mitos e iconografias animistas japoneses, invocando uma vasta gama de deuses da natureza e os seus servos animais, que habitam um mundo paralelo ao nosso, onde natureza e magia coexistem. Nas formas e temas do manga, Tagawa ecoa essa continuidade literária da antropomorfização animal, que nos vem de Esopo, e certamente que de mais além, embora as palavras se tenham perdido com o tempo. Correndo o risco de cometer calinada literária, ao longo da leitura do segundo livro senti uma enorme proximidade de Tagawa com Beatrix Potter, pelo cruzamento que ambas fazem entre desenho pensado para encantar o olhar das crianças (e o das crianças que residem dentro de um adulto) e a inocência das suas narrativas.
Uma nota menos positiva para a encadernação. A edição é de mito boa qualidade, excelente papel, mas falha um pouco pelo espaço muito curto das pranchas na encadernação, que dificulta a leitura. Mas não deixem que este pormenor vos trave, e deixe por descobrir o mundo mágico de Mi Tagawa. Atrevam-se e não se arrependem, o delicioso estilo visual desta mangaka é irresistível.
Artur Coelho
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A Raposa e o Pequeno Tanuki, vo. 2
Autor: Mi Tagawa
Editora: Midori
Ano de edição: 2021
Páginas: 200 páginas, capa mole
Preço: 10€
A Raposa e o Pequeno Tanuki, vo. 2
Autor: Mi Tagawa
Editora: Midori
Ano de edição: 2021
Páginas: 200 páginas, capa mole
Preço: 10€