ENTREVISTA EXCLUSIVA COM ALEX RIES
13-06-2022
Criado numa fazenda na zona rural de Victoria, Alex Ries é um artista conceptual e ilustrador de Melbourne com mais de uma década de experiência nas indústrias do cinema, dos videojogos e da impressão. O seu projeto de zoologia especulativa sobre a raça senciente
birrin é extremamente interessante para quem aprecia o género do fantástico e projetos de worldbuildig.
Para mais informação sobre o Alex Ries e o seu trabalho visitem as seguintes páginas:
https://www.alexries.com
https://abiogenesis.artstation.com/albums/738860
Para mais informação sobre o universo ficcional dos birrin vejam o vídeo em duas partes
disponível no YouTube intitulado “The Incredible World of the Birrin”:
Parte 01: https://youtu.be/jRgw1fY7s5U
Parte 02: https://youtu.be/PfZ6RvgmS6s
Criado numa fazenda na zona rural de Victoria, Alex Ries é um artista conceptual e ilustrador de Melbourne com mais de uma década de experiência nas indústrias do cinema, dos videojogos e da impressão. O seu projeto de zoologia especulativa sobre a raça senciente
birrin é extremamente interessante para quem aprecia o género do fantástico e projetos de worldbuildig.
Para mais informação sobre o Alex Ries e o seu trabalho visitem as seguintes páginas:
https://www.alexries.com
https://abiogenesis.artstation.com/albums/738860
Para mais informação sobre o universo ficcional dos birrin vejam o vídeo em duas partes
disponível no YouTube intitulado “The Incredible World of the Birrin”:
Parte 01: https://youtu.be/jRgw1fY7s5U
Parte 02: https://youtu.be/PfZ6RvgmS6s
A Entrevista
Para as pessoas que não estão familiarizadas com o teu projeto especulativo de worldbuilding sobre uma raça de alienígenas sencientes chamados birrin, e a sua história complexa, podes fazer uma pequena apresentação e resumir porque é que as pessoas que gostam de worldbuilding devem conhecer este storyworld e as belas ilustrações que fazes?
Os birrin são uma espécie alienígena ficcional que destruiu grande parte de seu planeta através das mudanças climáticas e da guerra nuclear. A história começa séculos após essa calamidade, quando os birrin começam a reexplorar seu planeta e a reconstruir uma nova sociedade tecnológica. Os temas seguem os desafios de fazê-lo, a rutura que causa aos personagens principais e como um mundo danificado deve ser reconstruído: preservar a natureza ou subjugá-la mais uma vez?
Acho que o projeto birrin oferece alguns pontos de vista únicos que raramente são vistos na ficção especulativa. Primeiro, temos os próprios birrin; todos os personagens principais até agora são birrin e assim o público pode experimentar o seu mundo em termos alienígenas, em vez de através de um humano que descobre a espécie.
Outro elemento único, os birrin como um povo: eles não são alienígenas super avançados com tecnologia impossível, nem são pré-tecnológicos. Eles são pessoas multiculturais que, como os humanos, existem em muitos níveis de capacidade tecnológica. Alguns birrin vivem em cidades, alguns vivem em tribos e todos têm valores, línguas e histórias únicas. Resumindo, pretendo apresentar um mundo que pode ser tão complexo e contraditório como o nosso.
De onde veio o teu gosto por desenvolver e desenhar criaturas estranhas e alienígenas e quais são as tuas principais referências no campo da zoologia especulativa? Que livros e filmes recomendas para as pessoas que querem fazer o que tu fazes?
Quando eu era jovem queria ser zoólogo e, porventura, especializar-me em biologia marinha. Cresci numa fazenda e via frequentemente animais estranhos e interessantes por isso tinha interesse em história natural. Comecei então a ler ficção científica como a saga Uplift de David Brin, que me abriu os olhos para o quão estranhos os seres alienígenas podem ser. Em termos de estilo visual, o trabalho de Wayne Barlowe com o seu livro “Expedition” mostraram-me que se pode combinar história natural com ficção científica de uma forma realista e comecei a criar o mundo dos birrin. Filmes como os filmes originais de Star Trek tiveram um grande impacto, explorando como faziam estranhos mundos alienígenas e o que parecia ser as possibilidades ilimitadas do espaço.
Tens trabalhado num storyboard para o Projeto Birrin e partilhado várias páginas no teu site. Isso significa que para além de um livro (que está por vir) haverá um filme ou uma série de TV? Já agora, há uma data para o lançamento do livro?
O storyboard é, na verdade, para o livro: como o livro é uma longa história ilustrada, acho que é melhor pensá-lo como se fosse uma BD ou um filme.
Quanto a um programa de TV ou filme sobre os birrin, eu adorava fazer um e perseguirei a possibilidade onde puder. O livro atualmente não tem data de lançamento, pois estamos ainda a negociar com os editores.
As tuas habilidades de worldbuilding são incríveis, como se pode ver no vídeo dividido em duas partes “O Incrível Mundo dos Birrin”, disponível no YouTube. Tu usas alguma ferramenta como o World Anvil, como o questionário de Patricia C. Wrede, ou algum outro tipo de referência para construir e desenvolver o teu storyworld? Como desenvolves o mundo ficcional e as estórias que queres contar?
Eu não uso nenhum software para o worldbuilding: basicamente está tudo na minha cabeça, depois é explorado diretamente nas minhas ilustrações ou planeado usando software padrão como Google Documents e o Photoshop. Isso surpreende algumas pessoas, pois acham que seria fácil esquecer coisas importantes, mas passei tanto tempo imaginando o mundo birrin que não me esqueço das coisas importantes.
Tens trabalhado em diferentes projetos para diversos media (filmes e videojogos). Estás a pensar em criar uma estratégia de transmediação para o mundo dos birrin no futuro? É possível construir um franchise transmedia com os birrin? Talvez adaptar algumas das estórias em romances gráficos e depois lançar o franchise?
Eu adorava ver os birrin a ganhar vida de todas as maneiras possíveis. Eu tendo a imaginar a desenrolar-se como um filme na minha cabeça. Acho que um curta-metragem seria um bom começo, uma prova de conceito que usaria para promover a ideia para um projeto maior. Os romances gráficos seriam ótimos, assim como a animação tradicional, que é um meio que eu adoro.
Worldbuilding, ficção especulativa e transmedia storytelling estão profundamente interligados; é um desafio definir e falar sobre um sem mencionar os outros. Se pudesses definir worldbuilding – com base na tua experiência pessoal – como abordarias tal tarefa?
Não acho difícil trabalhar com transmedia storytelling em mente porque a estória dos birrin parece poder encaixar-se em filmes, jogos ou livros com bastante facilidade, dada a sua natureza visual e os meus planos para a estrutura narrativa.
Eu definiria worldbuilding (para mim) como a criação de um novo conjunto de regras, seres e personagens separados do mundo que conhecemos ou incluídos no mundo no passado, no presente, ou no futuro.
A exploração espacial parece estar a crescer e muitas descobertas foram feitas, especialmente em relação aos planetas telúricos dentro da zona de habitável em sistemas solares distantes. Quais são os principais eventos e descobertas recentes que galvanizaram a tua imaginação?
Embora eu ache a exploração espacial inspiradora e a descoberta, durante minha vida, de tantos exoplanetas emocionantes, a maior parte da minha inspiração vem de novas descobertas feitas na Terra. Pesquisas no fundo do mar continuam a encontrar novas criaturas, e há tanta complexidade e vida extraordinária aqui que eu acho infinitamente inspiradora.
Da mesma forma, a destruição a decorrer atualmente na Terra, à medida que industriais e outros grupos cortam e vendem o mundo natural, inspira elementos da narrativa no mundo dos birrin e como os personagens devem enfrentar forças que querem destruir o que resta de seu próprio mundo. Muito da minha imaginação foi alimentada pela vida no nosso próprio mundo e pela situação política e industrial no nosso planeta, mesmo que a minha estória tenha lugar num planeta alienígena.
Acreditas num futuro tecno-utópico Kurzweiliano (Ray Kurzweil), onde a humanidade espalhará a sua inteligência por todo o universo? Que ideias tens sobre os ecossistemas pós-humanos e pós-singularidade tecnológica onde, mais uma vez, teremos várias espécies humanas interagindo e a inteligência artificial a aumentar as habilidades das pessoas?
Acho que todas as vezes que tento prever o futuro, termino sempre completamente errado. Não faço ideia do que acontecerá com a nossa espécie, nem mesmo nos próximos dez anos, mas acho que as mudanças climáticas, o fascismo e a guerra apresentarão grandes desafios que podem restringir a nossa capacidade de sair do planeta e explorar o espaço.
A minha esperança é que cheguemos num momento de respeito pelo mundo natural, mantendo uma sociedade humana, solidária e tecnológica que possa expandir e explorar sem destruir o que encontramos. Essa seria minha utopia.
Não acho difícil trabalhar com transmedia storytelling em mente porque a estória dos birrin parece poder encaixar-se em filmes, jogos ou livros com bastante facilidade, dada a sua natureza visual e os meus planos para a estrutura narrativa.
Eu definiria worldbuilding (para mim) como a criação de um novo conjunto de regras, seres e personagens separados do mundo que conhecemos ou incluídos no mundo no passado, no presente, ou no futuro.
A exploração espacial parece estar a crescer e muitas descobertas foram feitas, especialmente em relação aos planetas telúricos dentro da zona de habitável em sistemas solares distantes. Quais são os principais eventos e descobertas recentes que galvanizaram a tua imaginação?
Embora eu ache a exploração espacial inspiradora e a descoberta, durante minha vida, de tantos exoplanetas emocionantes, a maior parte da minha inspiração vem de novas descobertas feitas na Terra. Pesquisas no fundo do mar continuam a encontrar novas criaturas, e há tanta complexidade e vida extraordinária aqui que eu acho infinitamente inspiradora.
Da mesma forma, a destruição a decorrer atualmente na Terra, à medida que industriais e outros grupos cortam e vendem o mundo natural, inspira elementos da narrativa no mundo dos birrin e como os personagens devem enfrentar forças que querem destruir o que resta de seu próprio mundo. Muito da minha imaginação foi alimentada pela vida no nosso próprio mundo e pela situação política e industrial no nosso planeta, mesmo que a minha estória tenha lugar num planeta alienígena.
Acreditas num futuro tecno-utópico Kurzweiliano (Ray Kurzweil), onde a humanidade espalhará a sua inteligência por todo o universo? Que ideias tens sobre os ecossistemas pós-humanos e pós-singularidade tecnológica onde, mais uma vez, teremos várias espécies humanas interagindo e a inteligência artificial a aumentar as habilidades das pessoas?
Acho que todas as vezes que tento prever o futuro, termino sempre completamente errado. Não faço ideia do que acontecerá com a nossa espécie, nem mesmo nos próximos dez anos, mas acho que as mudanças climáticas, o fascismo e a guerra apresentarão grandes desafios que podem restringir a nossa capacidade de sair do planeta e explorar o espaço.
A minha esperança é que cheguemos num momento de respeito pelo mundo natural, mantendo uma sociedade humana, solidária e tecnológica que possa expandir e explorar sem destruir o que encontramos. Essa seria minha utopia.
Entrevistador: Marco Fraga Silva
Artigo Web: Sérgio Santos |