ENTREVISTA COM RIFF REB'S
2015-08-20
Riff Reb's é um autor de BD francês que possui uma carreira de quase trinta anos. Tem diversos trabalhos seus publicados em vários países e já ganhou inúmeros prémios ao longo do seu trajecto profissional.
É possível aceder a mais informação no endereço http://www.bedetheque.com/auteur-2499-BD-Riff-Reb-s.html .
Riff Reb's é um autor de BD francês que possui uma carreira de quase trinta anos. Tem diversos trabalhos seus publicados em vários países e já ganhou inúmeros prémios ao longo do seu trajecto profissional.
É possível aceder a mais informação no endereço http://www.bedetheque.com/auteur-2499-BD-Riff-Reb-s.html .
Biografia
Riff de Reb (ou Riff Reb's), cujo verdadeiro nome é Dominique Duprez, nasceu na Argélia mas mudou-se com a família para Duprez Le Havre, em França, durante a sua infância. Em 1983, colaborou num álbum coletivo chamado 'Neuvième Cauchemar' e, nesse mesmo ano, começou a ter uma formação em Artes Decorativas. Um ano depois, fundou a atelier Asylum conjuntamente com outros artistas tais como Édith, Kisler, Cromwell, Ralph, Gonnort, Joe Ruffner e Karim. Juntos, esses ilustradores trabalharam em 'Les Mondes Engloutis', uma série de animação que foi adaptada para o formato de banda desenhada, tendo sido publicada pela Casterman.
Em 1985, publicou seu primeiro álbum: o primeiro volume de "Le Bal de La Sueu". Iniciou sua primeira série," Myrtil Fauvette', de 1990 a 2005. De 1993 a 1996, ilustrou vários pequenos livros de humor para La Sirene.
Criou a série 'Glam et Comet' em 2005, com Abuli, tendo sido substituído por Corcal para o segundo livro da série em 2007.
Lançou também uma história baseada no conto de fadas "La Carotte aux Étoiles" com Régis Lejonc em 2010.
Em 2012, criou o álbum premiado e muito aclamado pela critica "Le Loup des Mers", e em 2014 lançou o livro "Hommes à La Maire".
Em 1985, publicou seu primeiro álbum: o primeiro volume de "Le Bal de La Sueu". Iniciou sua primeira série," Myrtil Fauvette', de 1990 a 2005. De 1993 a 1996, ilustrou vários pequenos livros de humor para La Sirene.
Criou a série 'Glam et Comet' em 2005, com Abuli, tendo sido substituído por Corcal para o segundo livro da série em 2007.
Lançou também uma história baseada no conto de fadas "La Carotte aux Étoiles" com Régis Lejonc em 2010.
Em 2012, criou o álbum premiado e muito aclamado pela critica "Le Loup des Mers", e em 2014 lançou o livro "Hommes à La Maire".
Entrevista
Porque motivo utiliza o pseudónimo de Riff Reb's nos seus trabalhos em BD?
Existem dois motivos: primeiro, por razões pessoais, não queria usar o meu nome real, depois, achei que, se ia seguir a carreira de desenhador de BD, deveria inventar um nome apropriado para esta vida! Riff Reb's quer dizer "acorde de guitarra rebelde". O meu pseudónimo está relacionada com o meu amor ao Rock'n'Roll, pois quando o criei, na minha juventude, era um punk.
Pode falar-nos sobre o seu relacionamento com a BD e o desenho?
Desde muito novo gostava de andar com um lápis. Desenhar é uma das mais belas formas de expressão que encontrei. A minha mãe dizia-me sempre que eu já tinha nascido com um lápis na mão e por isso é que o parto tinha sido tão difícil! Os desenhos animados e a BD sempre me fascinaram mas, na verdade, eu sempre fui curioso em relação a todas as formas de expressão artística.
Poderia explicar o seu método de trabalho quando cria uma história de BD? Penso que muitos leitores iriam apreciar essa descrição.
Vou explicar o método de trabalho dos meus últimos álbuns, que são adaptações literárias. Primeiro, procuro escolher um trabalho que me toque particularmente pela profundidade filosófica do seu conteúdo, pela qualidade da sua prosa e que tenha potencialidades para poder ser adaptado para BD.
Em seguida, depois de ter já passado algum tempo após a escolha, começo a contar a história para mim mentalmente. Isso permite-me condensar um pouco a história e fazer os cortes necessários, porque os romances são sempre muito extensos e o meu editor não pode dar-se ao luxo que eu crie um álbum sem limite de páginas.
Depois eu preciso de desenhar um tipo de "curva gráfica" para estabelecer a dramatização da narrativa e definir os capítulos, divisão e duração.
Trabalho depois numa montagem, composta em parte por textos e desenhos. É o momento mais difícil, mais importante e o mais emocionante na criação da história. Simultaneamente, começo a estudar as personagens e os cenários. Quando finalizo o storyboard completo do livro, estará quase completo.
Nesta etapa, necessito de descansar um pouco e vou procurar documentação que me será útil mais tarde. Releio tudo e corrijo o storyboard e dou-o ao meu director artístico. Faço as últimas correcções necessários e finalmente estou pronto para começar a ilustrar. A partir desse momento concentro-me exclusivamente no desenho do álbum. Trabalho de uma maneira convencional: com papel e tinta da china.
No fim, vem o trabalho de desenvolvimento da cor, que costumo fazer no computador.
Existem dois motivos: primeiro, por razões pessoais, não queria usar o meu nome real, depois, achei que, se ia seguir a carreira de desenhador de BD, deveria inventar um nome apropriado para esta vida! Riff Reb's quer dizer "acorde de guitarra rebelde". O meu pseudónimo está relacionada com o meu amor ao Rock'n'Roll, pois quando o criei, na minha juventude, era um punk.
Pode falar-nos sobre o seu relacionamento com a BD e o desenho?
Desde muito novo gostava de andar com um lápis. Desenhar é uma das mais belas formas de expressão que encontrei. A minha mãe dizia-me sempre que eu já tinha nascido com um lápis na mão e por isso é que o parto tinha sido tão difícil! Os desenhos animados e a BD sempre me fascinaram mas, na verdade, eu sempre fui curioso em relação a todas as formas de expressão artística.
Poderia explicar o seu método de trabalho quando cria uma história de BD? Penso que muitos leitores iriam apreciar essa descrição.
Vou explicar o método de trabalho dos meus últimos álbuns, que são adaptações literárias. Primeiro, procuro escolher um trabalho que me toque particularmente pela profundidade filosófica do seu conteúdo, pela qualidade da sua prosa e que tenha potencialidades para poder ser adaptado para BD.
Em seguida, depois de ter já passado algum tempo após a escolha, começo a contar a história para mim mentalmente. Isso permite-me condensar um pouco a história e fazer os cortes necessários, porque os romances são sempre muito extensos e o meu editor não pode dar-se ao luxo que eu crie um álbum sem limite de páginas.
Depois eu preciso de desenhar um tipo de "curva gráfica" para estabelecer a dramatização da narrativa e definir os capítulos, divisão e duração.
Trabalho depois numa montagem, composta em parte por textos e desenhos. É o momento mais difícil, mais importante e o mais emocionante na criação da história. Simultaneamente, começo a estudar as personagens e os cenários. Quando finalizo o storyboard completo do livro, estará quase completo.
Nesta etapa, necessito de descansar um pouco e vou procurar documentação que me será útil mais tarde. Releio tudo e corrijo o storyboard e dou-o ao meu director artístico. Faço as últimas correcções necessários e finalmente estou pronto para começar a ilustrar. A partir desse momento concentro-me exclusivamente no desenho do álbum. Trabalho de uma maneira convencional: com papel e tinta da china.
No fim, vem o trabalho de desenvolvimento da cor, que costumo fazer no computador.
Noto que o seu estilo de desenho sofreu várias alterações ao longo dos anos. O seu estilo actual é mais elogiado pela crítica?
O meu estilo de desenho não é único. Eu odeio desenhar sempre da mesma maneira. Consoante a história, posso ter um estilo de desenho diferente. O meu estilo é semi-realista e pode variar consoante a temática das histórias (drama , comédia).
Eu sempre tive algum reconhecimento pelo meu trabalho, mas é verdade que nos últimos tempos o meu estilo mais realista tem tido um grande sucesso. Mas eu desejo permanecer livre nas minhas opções para poder trabalhar da maneira que ache mais apropriada.
Participou da fundação do atelier Asylum. Pode contar-nos um pouco mais sobre essa experiência?
Sim, eu era um dos fundadores do atelier Asylum. Esse atelier foi criado para que pudéssemos mais facilmente publicar os nossos trabalhos e ganhássemos uma maior experiência profissional. Todos ambicionávamos viver exclusivamente da banda desenhada.
Esta experiência foi fantástica e ajudou-nos a crescer de forma mais rápida e dessa maneira pudermos aconselhar-nos mutuamente e utilizar a crítica de forma construtiva para melhorar o nosso trabalho.
Infelizmente, muitos não conhecem os seus álbuns traduzidos em Portugal, mas eu tive a grande oportunidade de poder ler a sua maravilhosa adaptação da obra de Jack London, "Le Loup des Mers" (Prémio BD Fnac 2013). Muitos críticos têm elogiado o seu trabalho, o que acha disso?
Sim. Infelizmente, não tive ainda a oportunidade de ser publicado em Portugal. Mas "Le Loup des Mers" está publicado em oito ou 9 países agora, o que para mim é uma grande alegria.
E sim, tenho recebido muitos elogios a respeito das minhas adaptações literárias. Acho que é muito positivo este reconhecimento público e profissional acontecer após quase 30 anos de trabalho.
Que outros planos tem para o futuro, profissionalmente?
Estou a trabalhar numa BD baseada no romance de um escritor francês ("Novice" de Richard Gaitet) e vou utilizar um estilo de desenho juvenil diferente do que fiz até agora.
Tenho também, neste momento, uma grande exposição retrospectiva em Perpignan e preparo uma exposição de trabalhos originais para venda na galeria Maghen, em Paris, em Outubro. Estou também à procura de uma nova adaptação literária ...
Fez várias adaptações de obras literárias. Sente-se confortável a trabalhar desta forma?
Eu fiz muitas coisas diferentes ao longo dos anos e de diferentes maneiras. Já criei os meus próprios argumentos, trabalhei com argumentistas e, nos últimos tempos, tenho feito adaptações.
Gosto muito de poder adaptar obras literárias de grande qualidade e ter apesar de tudo grande liberdade criativa para o fazer.
Quando trabalho com um argumentista, por vezes existem alguns problemas quando não concordo com algumas ideias ou considero o texto mal escrito.
Gosta de ler romances, contos? Às vezes noto que muitas pessoas ligadas à BD ficam muito fechadas no seu mundo. Acho isso um erro.
Sim, cada vez mais. É bom buscar outras fontes de inspiração além da BD. Isto é muito gratificante. Criar BD baseada noutras obras de BD é um exercício de escleroterapia.
No álbum "Les Hommes à La Maire" noto que há uma homenagem à literatura, ao mar e à fantasia. Podia-nos nos contar um pouco mais sobre esse trabalho?
Criar álbuns baseado em romances de aventuras marítimas não é simples, porque existem muitas obras-primas baseadas nessa temática na literatura, BD, filmes...e isso coloca muita pressão. Mas esta pressão é positiva. Somos obrigados a criar tendo em conta um nível de qualidade elevado. Todas as referências nos "Les Hommes à La Maire" são homenagens a escritores e pintores que criaram obras inspiradas no mar.
Está optimista em relação à banda desenhada em geral? Acha que o público está a crescer no mercado franco-belga?
Não estou particularmente optimista. O mercado franco-belga continua a crescer, mas o consumo não acompanha o lançamento de novos trabalhos. Esta superprodução é negativa, mas os editores parecem incapazes de travar os novos lançamentos.
Pensa que a pirataria de BD na Internet pode causar graves danos aos rendimentos dos autores? Serão os ebooks um cavalo de Tróia?
Sim, isso já acontece, a banda desenhada clássica não é compatível com ebooks. É difícil viver só da BD em França nos dias de hoje se não tivermos algum sucesso comercialmente e na critica especializada. O desenvolvimento de obras originais só compensa para alguns autores.
Que conselho daria para os jovens desenhadores de BD?
Se tiverem o fogo sagrado, a chama do verdadeiro contador de histórias através do desenho, procurem ser mais exigentes e ambiciosos. Criando dessa forma trabalhos que saiam para lá dos limites da BD.
Há muitos ilustradores que desistem de ter uma carreira na BD porque acham que é muito trabalhoso. O que você acha? O que recomendaria?
Eu compreendo que muitos dos meus amigos, todos eles desenhadores excelentes, tenham desistido. Isto é um trabalho de loucos!
Por isso, recomendo que sejam loucos!
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.