POSEURS
2017-01-19
Ser o "maior" da BD ou dos comics é como ser o anão mais alto do mundo. Não vale nada. Mas não é assim que as pessoas do meio pensam. Um escritor, muito em voga na cena nacional, dizia-me que para ele os prémios não valiam nada, que o importante era escrever. Logo a seguir, pedia-me que votasse nele para uns prémios de votação pública... O mundo da BD ou dos comics é um grande circle jerk de amadores, com tudo o que de bom ou menos bom essa tradição acarreta, não só em termos de produção criativa mas também em todos os outros possíveis aspectos. Este fenómeno é especialmente vincado em Portugal, país com uma tradição da imprensa, do livro e da revista profissionais paupérrima. No entanto, noutros países, mesmo aqueles com uma indústria desses meios mais robusta e atenta, não se escapa a este estigma. Apenas uma minoria muito pequena de pessoas dentro destes meandros é composta por profissionais, gente que se sustenta monetariamente com actividades ligadas a este meio de expressão; indivíduos que, apesar de não serem necessariamente mais capazes do que outros, se encontram na posição privilegiada de poder desenvolver uma atividade sustentada no meio e ditar sentenças, estilos e modas pelo poder e legitimidade que o dinheiro lhes confere. Mas esses são uma minoria muito residual.
Ser o "maior" da BD ou dos comics é como ser o anão mais alto do mundo. Não vale nada. Mas não é assim que as pessoas do meio pensam. Um escritor, muito em voga na cena nacional, dizia-me que para ele os prémios não valiam nada, que o importante era escrever. Logo a seguir, pedia-me que votasse nele para uns prémios de votação pública... O mundo da BD ou dos comics é um grande circle jerk de amadores, com tudo o que de bom ou menos bom essa tradição acarreta, não só em termos de produção criativa mas também em todos os outros possíveis aspectos. Este fenómeno é especialmente vincado em Portugal, país com uma tradição da imprensa, do livro e da revista profissionais paupérrima. No entanto, noutros países, mesmo aqueles com uma indústria desses meios mais robusta e atenta, não se escapa a este estigma. Apenas uma minoria muito pequena de pessoas dentro destes meandros é composta por profissionais, gente que se sustenta monetariamente com actividades ligadas a este meio de expressão; indivíduos que, apesar de não serem necessariamente mais capazes do que outros, se encontram na posição privilegiada de poder desenvolver uma atividade sustentada no meio e ditar sentenças, estilos e modas pelo poder e legitimidade que o dinheiro lhes confere. Mas esses são uma minoria muito residual.
Do outro lado do campo, encontra-se uma maioria esmagadora composta por curiosos, entusiastas e fanáticos que passam o seu tempo livre cultivando uma paixão cuja génese quase sempre remonta à infância. Todos são leitores. Muitos, colecionadores fanáticos. Alguns dedicam-se ao desenho. Outros, por falta de tempo, talento ou treino, refugiam-se na escrita. Há aqueles que se tornam dinamizadores de encontros ou editores de fanzines. Muitos acumulam funções. Há ainda os que se assumem como críticos ou especialistas, dos quais falaremos em breve. Tudo isto se passa efetivamente sob o signo do amadorismo, ainda que muitas vezes de modo não assumido ou, pior, escamoteado. Afinal de contas, quando se assume que algo é um hobby e não uma atividade profissional, ou seja remunerada, o espectro da incompetência surge algures no horizonte porque, convém não esquecer, neste mundo quem manda é o dinheiro... Aqui jaz o profundo descrédito junto das massas que mancha este meio de expressão.
Por isso, há que parecer, mesmo quando não se é.
Por isso, há que parecer, mesmo quando não se é.
- O Desenhador Fantasma