ENTREVISTA COM PAUL POPE
2015-07-14
Paul Pope é um ilustrador e autor de BD que vive e trabalha em New York. Ao longo do tempo conquistou uma reputação internacional como artista e designer. Apesar de trabalhar sobretudo na BD, alcançou também muito prestigio como ilustrador.
É possível aceder a mais informação em http://paulpope.com/.
Paul Pope é um ilustrador e autor de BD que vive e trabalha em New York. Ao longo do tempo conquistou uma reputação internacional como artista e designer. Apesar de trabalhar sobretudo na BD, alcançou também muito prestigio como ilustrador.
É possível aceder a mais informação em http://paulpope.com/.
Biografia
Paul Pope tem trabalhado como autor de BD desde o início dos anos 90, mas também fez uma série de projectos com a marca de moda italiana Diesel Industries e nos EUA com a DKNY. Alguns dos seus clientes são a LucasArts, Paramount Pictures, Cartoon Network, Marvel Comics, DC Comics, Conde-Naste, Kodansha (Japão), Sapporo (Japão), Marc Ecko, Edições Dargaud (França), EMI Canadá, Warner Brothers e The British Film Institute. Com a mini-série Batman: Ano 100, ganhou inúmeros prémios.
Em 2010, Popa foi reconhecido como um artista mestre pelo Conselho Americano das Artes, e actualmente, está sentado no Conselho Consultivo. Ainda nesse ano ganhou o cobiçado Prémio Reuben da National Cartoonist Society de Melhor Banda Desenhada do ano por Strange Adventures (DC Comics) - uma homenagem às séries dos anos 30 do Flash Gordon.
Está actualmente a trabalhar em Battling Boy, uma série sobre um jovem super-heroi para a First Second / MacMillian, e Psychenaut, um livro de ensaios visuais sobre análise de sonhos junguianos, para as edições Dargaud.
Em 2010, Popa foi reconhecido como um artista mestre pelo Conselho Americano das Artes, e actualmente, está sentado no Conselho Consultivo. Ainda nesse ano ganhou o cobiçado Prémio Reuben da National Cartoonist Society de Melhor Banda Desenhada do ano por Strange Adventures (DC Comics) - uma homenagem às séries dos anos 30 do Flash Gordon.
Está actualmente a trabalhar em Battling Boy, uma série sobre um jovem super-heroi para a First Second / MacMillian, e Psychenaut, um livro de ensaios visuais sobre análise de sonhos junguianos, para as edições Dargaud.
Entrevista
A primeira vez que li um dos seus livros, pensei que fosse um autor de BD europeu. Alguém já lhe disse isso?
Sim, os artistas europeus e especialmente os franceses e os italianos foram grandes influências na minha infância. Pratt, Manara, Moebius, Crepax, etc...
Nas suas histórias de BD, noto alguma influência do manga japonês. Concorda com isso?
Sim, eu trabalhei e morei no Japão na década de 1990 durante muitos anos. Fiz trabalhos de manga para a Kodansha, embora não muitos tenham sido publicados.
Trabalhou com ilustrações para marcas bem conhecidas (Diesel, DKNY ...) e empresas ligadas ao entretenimento. Como explica que tenham surgido essas oportunidades?
Eu trabalhei com uma agência de publicidade de NY chamada HappyCorp na década de 2000 e por causa disso fiz muitos contactos através dessa associação. Gosto de trabalhar em meios fora da BD, é interessante.
Ganhou inúmeros prémios, isso funcionou como um estímulo para melhorar seu trabalho? Ou trouxe um aumento acrescido de pressão?
Sim concordo com as suas questões, acho eu. É bom ser reconhecido pelos seus esforços, mas no final do dia, não podemos "comer" prémios, devemos continuar a aprender e a crescer como artistas.
Você prefere trabalhar a preto e branco ou com cor e porquê?
Eu gosto de trabalhar com os dois processos, embora eu acho que eu prefiro mais o P/B se tivesse que escolher um sobre o outro. Desenhar a preto e branco é mais simples, puro e directo.
Como foi a experiência de trabalhar com o Batman na DC?
Correu bem assim que me acostumei com isso. Foi intimidante no início, com certeza. Eu já trabalhava em BD há mais de 15 anos quando comecei a trabalhar no projecto com o Batman e já anteriormente tinha alguma experiência com grandes personagens e grandes editora . O meu editor Bob Schreck foi um óptimo guia e amigo que muito me ajudou.
Sente simpatia por teorias libertárias? Parecem estar muito presentes em muitas das suas histórias.
Eu acho que o discurso político, especialmente nos EUA, foi suavizado e corrompido ao ponto onde eu não gostaria de ficar associado a um qualquer rótulo. Eu concordo com o ensaio de Thoreau a respeito da desobediência civil. Estou mais interessada nele e em Lao Tzu do que noutros autores. Eu não tenho muita fé no poder centralizador nas mãos de poucos. Eu sou muito céptico em relação ao poder.
Quais são as suas maiores influências literárias?
Eu gosto dos clássicos. Eu gosto de escritores do séc. XX e XXI. Leio muitas biografias, principalmente de artistas e músicos. Infelizmente não tenho muito tempo para ler por prazer agora, quando o faço é principalmente para trabalho de investigação.
Qual foi a obra em BD que contribuiu mais para a progressão da sua carreira?
Para mim, pessoalmente? Eu diria que seriam alguns dos meus mais recentes trabalhos como criador-autor. Battling Boy e THB.
Não tem feito muito trabalho em colaboração com outros autores (argumentistas, coloristas) em BD. Porquê?
Eu prefiro trabalhar sozinho normalmente. Tenho certeza de que irei colaborar com outros autores no futuro.
O seu estilo é muito expressivo. Quando cria as suas bandas desenhadas tem uma abordagem mais intuitiva ou metódica?
Intuitiva, acho eu.
Infelizmente ainda não tive a oportunidade de ler muitos livros criados por si, mas eu gosto muito do "100%". Eu realmente acho que é um livro notável. Gosto especialmente da história de amor entre os dois personagens principais.
Obrigado, eu acho que o livro mantém-se actual apesar das muitas falhas que eu lhe poderia apontar. É, pelo menos, um trabalho honesto. Reflecte com precisão os pensamentos e sentimentos que tinha com 28 ou 29 anos.
No presente momento, o que gostaria de explorar na BD que ainda não teve oportunidade de fazer?
Eu estou interessado principalmente em continuar a escrever e desenhar minhas próprias histórias pessoais, qualquer que seja o assunto.
Qual seria a sua mensagem aos jovens autores de BD que às vezes estão indecisos se devem seguir esta carreira ou outra?
Eu procuro sempre evitar essas perguntas do tipo "guru". Acho que quando se ama algo devemos trabalhar de forma afincada para sermos bem sucedidos, artisticamente e financeiramente. Não existe um único caminho e, quando muitas vezes vamos atrás de outra pessoa, acabamos por perder-nos. Eu sei que para mim a BD é algo excepcional, eu faria tudo o que fiz quer ganhasse dinheiro ou não com isso. É um exercício criativo que eu amo verdadeiramente e ao qual sou muito dedicado.
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.