OS MELHORES DO MUNDO
2017-02-14
É curioso que em países onde o desenho teve uma tradição cultural sobejamente mais forte e ancestral do que nos E.U.A. ou no nosso ridículo cantinho à beira-mar plantado, este fenómeno do menosprezo do desenhador, não se tenha reproduzido da mesma maneira ou de um modo tão selvagem. Basta recordarmos a importância que um Tezuka ou um Hergé assumem nos seus respectivos países de origem, onde os seus reconhecimento e protagonismo se estendem muito para além do território específico da banda-desenhada ou mangá, para não encontrarmos nenhum paralelo no mundo dos comic books norte-americano. Para além da óbvia questão cultural, está também presente o aspecto da questão autoral. Quer Hergé, quer Tezuka, ainda que recorrendo à criação de estúdios com outros artistas para auxiliar em termos de produtividade, desenvolvimento de merchandising e adaptações a outros media, eram autores completos, homens capazes de escrever e desenhar o seu próprio trabalho, com um estilo e uma visão próprias e inconfundíveis.
É curioso que em países onde o desenho teve uma tradição cultural sobejamente mais forte e ancestral do que nos E.U.A. ou no nosso ridículo cantinho à beira-mar plantado, este fenómeno do menosprezo do desenhador, não se tenha reproduzido da mesma maneira ou de um modo tão selvagem. Basta recordarmos a importância que um Tezuka ou um Hergé assumem nos seus respectivos países de origem, onde os seus reconhecimento e protagonismo se estendem muito para além do território específico da banda-desenhada ou mangá, para não encontrarmos nenhum paralelo no mundo dos comic books norte-americano. Para além da óbvia questão cultural, está também presente o aspecto da questão autoral. Quer Hergé, quer Tezuka, ainda que recorrendo à criação de estúdios com outros artistas para auxiliar em termos de produtividade, desenvolvimento de merchandising e adaptações a outros media, eram autores completos, homens capazes de escrever e desenhar o seu próprio trabalho, com um estilo e uma visão próprias e inconfundíveis.
Esta potencial completitude do dois-em-um (escritor e desenhador), muito mal vista por editores e escritores do meio por se apresentar como potencial competição "desleal" (na sua perspectiva), é quase sempre a salvaguarda e o caminho necessário para o desenhador, quando capaz, de garantir uma maior integridade das suas obras e uma maior independência face às tentativas de manipulação, deturpação e controlo do acto criativo. É curioso que, ao invés de potenciar e promover o desenvolvimento de talentos completos, a "indústria" promove precisamente o oposto: emparelhar escritores com desenhadores, arte-finalistas, coloristas, etc. Dividir para reinar.
Uma visão mais inocente poderá ver aqui apenas a necessidade de uma produção mais célere e cuidada por via de uma linha de montagem. Uma observação mais atenta revela outra realidade: o desejo de controlar um produto. Por outro lado é curioso reparar que hoje os tempos são outros e que mesmo nos mercados Franco-Belga ou nipónico já não haverá um novo Hergé ou um novo Tezuka. Esse é um comboio que já partiu há muito tempo...
- O Desenhador Fantasma