ENTREVISTA COM REINHARD KLEIST
2015-06-28
Reinhard Kleist é um dos autores de BD alemã mais conceituados da actualidade e tem recebido inúmeras criticas positivas pelo seu trabalho e reconhecimento pelo público.
É possível aceder a mais informação sobre o autor em http://www.reinhard-kleist.de/?lang=en
Reinhard Kleist é um dos autores de BD alemã mais conceituados da actualidade e tem recebido inúmeras criticas positivas pelo seu trabalho e reconhecimento pelo público.
É possível aceder a mais informação sobre o autor em http://www.reinhard-kleist.de/?lang=en
Biografia
Reinhard Kleist nasceu em 1970, perto da cidade de Colónia. Estudou design gráfico em Münster. Quando estava a estudar trabalhou para dois livros de BD: "Lovecraft" e "Dorian".
Vive em Prenzlauer Berg/Berlin e trabalha num estúdio com outros autores de BD tais como: Fil, Naomi Fearn and Mawil on Kastanienallee.
Trabalha como ilustrador para livros, CD's, publicidade, magazines e animação.
Desde 2006, o seu livro "Cash - I See a Darkness" já foi traduzido para 14 línguas diferentes.
Passou um mês de 2008 em Cuba a trabalhar num travel sketch book que foi publicado nesse mesmo ano. Utilizou o material de pesquisa da viagem a Cuba para criar um livro biográfico sobre Fidel Castro, que foi lançado na Alemanha em 2010.
Em 2012 lançou o livro" The Boxer", sobre um boxeur judeu que sobreviveu na Alemanha Nazi.
Fez uma série de workshops em países como o México, Brasil, Jordânia, China, Tailândia e Canadá graças ao instituto Goethe. Em 2013 teve a oportunidade de trabalhar com o canal ARTE num campo de refugiados no norte do Iraque. Os resultados podem ser vistos em: ARTE Refugees.
"Berlinoir", uma série de BD sua sobre vampiros, foi republicada em 2014.
Criou um livro sobre a refugiada Samia Yusuf Omar com o titulo "Der Traum von Olympia" em 2015.
Está a trabalhar num livro sobre a vida e o trabalho de Nick Cave, que prevê lançar brevemente.
Vive em Prenzlauer Berg/Berlin e trabalha num estúdio com outros autores de BD tais como: Fil, Naomi Fearn and Mawil on Kastanienallee.
Trabalha como ilustrador para livros, CD's, publicidade, magazines e animação.
Desde 2006, o seu livro "Cash - I See a Darkness" já foi traduzido para 14 línguas diferentes.
Passou um mês de 2008 em Cuba a trabalhar num travel sketch book que foi publicado nesse mesmo ano. Utilizou o material de pesquisa da viagem a Cuba para criar um livro biográfico sobre Fidel Castro, que foi lançado na Alemanha em 2010.
Em 2012 lançou o livro" The Boxer", sobre um boxeur judeu que sobreviveu na Alemanha Nazi.
Fez uma série de workshops em países como o México, Brasil, Jordânia, China, Tailândia e Canadá graças ao instituto Goethe. Em 2013 teve a oportunidade de trabalhar com o canal ARTE num campo de refugiados no norte do Iraque. Os resultados podem ser vistos em: ARTE Refugees.
"Berlinoir", uma série de BD sua sobre vampiros, foi republicada em 2014.
Criou um livro sobre a refugiada Samia Yusuf Omar com o titulo "Der Traum von Olympia" em 2015.
Está a trabalhar num livro sobre a vida e o trabalho de Nick Cave, que prevê lançar brevemente.
Entrevista
Como foi o seu relacionamento na infância com a banda desenhada?
Eu lia Asterix e mais tarde descobri o Batman, os amigos é que me emprestavam os livros porque os meus pais não gostavam de BD com super-heróis.
Quando era mais jovem participou em algum fanzine amador de BD?
Na verdade, não. Colaborei num livro obscuro com colegas da minha faculdade chamado "Lokomotivenmann"
Poderia descrever o mercado de BD (criadores, público, editores) na Alemanha neste momento?
Neste momento estamos a passar por um bom momento na BD. Os livros são apresentados nos meios de comunicação e lentamente começam a aparecer nas linhas de frente das livrarias e não apenas num canto qualquer, escondidos dos olhos do público. Mas isso não significa que existam grandes vendas, em todo o caso a situação é muito melhor do que há 15 anos. E existem um monte de livros incríveis a ter um grande sucesso, como por exemplo "Irmina" por Barbara Yelin.
Poderia explicar-nos com algum detalhe como é o seu método de trabalho quando está a trabalhar numa BD?
Primeiro existe um longo tempo de pesquisa, depois em seguida escrevo um script como um guião. Faço esboços para os personagens principais e tento desenvolver um estilo que funcione para a história. Em seguida vem o processo de concepção dos layouts das páginas e o trabalho com os lápis, a tinta e os pincéis. Tudo de uma só vez. A última coisa que faço é a digitalização e o trabalho com os speech bubbles no Photoshop. Essa é a versão ideal do meu método de trabalho. Frequentemente acabo por fazer as coisas de forma diferente por causa da minha maneira de trabalhar que por vezes é bastante caótica.
Como é a sua relação com a cor? Sente-se mais confortável a trabalhar apenas com preto e branco?
Sim, eu gosto de trabalhar com preto e branco, dessa forma temos que nos concentrar mais em onde estabelecer contrastes e o que mostrar. A cor é por vezes sedutora mas acaba por ser mais complexa, por vezes não consigo lidar bem com essa tensão. Sinto que se reduzir a informação para preto e branco acaba por ser uma melhor opção.
As técnicas digitais em BD são tentadoras?
Eu gosto mais de trabalhar com papel. Eu vejo muitos trabalhos brilhantes feitos com o auxilio do computador mas eu preciso de trabalhar com papel, é esse o campo de batalha da minha abordagem artística.
Consegue-se imaginar a criar uma série de histórias de BD com 10 ou mais álbuns e com um elevado nível de exigência? Ou prefere criar antes de novelas gráficas com prazos mais longos e com maior liberdade artística?
Dessa maneira como diz, prefiro a opção nº 2.
Na primeira fase de sua carreira você colaborou com vários escritores, recentemente trabalhou apenas sozinho. Pretende continuar assim?
Não sei. Agora, eu sinto-me satisfeito ao criar as minhas próprias histórias em torno de temas biográficos ou históricos. Mas as coisas não têm que ficar assim eternamente.
Como tem corrido a internacionalização do seu trabalho? Publicou trabalhos em quantos países?
É muito difícil mencionar todos. "Cash" foi traduzido em 15 idiomas, "The Boxer" em 8, acho eu. Este ano vamos ter a versão indonésia de "The Boxer", o que me deixa muito orgulhoso.
Reparo que tem feito trabalhos biográficos sobre figuras públicas (Cash, Castro), há alguma razão especial?
Estou interessado em histórias reais e muitas vezes eu escolho determinadas figuras sem ter pesquisado muito previamente. Aconteceu isso um pouco com a história de Samia Yusuf Omar, o meu último livro. Eu fui imediatamente atraído para esta história porque teve um grande impacto dramático. E foi uma maneira de dizer algo sobre o tema da migração, que é um grande problema na Alemanha. Muitas pessoas não sabem que os imigrantes passam por uma longa odisseia atrás deles antes de subirem a bordo dos navios a partir dos quais tentam chegar à Europa.
O seu trabalho sobre Fidel Castro foi criticado. Isso seria inevitável, sendo ele uma figura controversa?
Ah, sim. Eu gostei que tivessem existido comentários controversos. Eu procurei ser ao mesmo tempo crítico sobre ele e as suas políticas, mas também salientar aspectos positivos. Não pode existir uma visão a preto e branco na política relativa a Cuba. Há sempre vários tons de cinzento.
Qual foi o trabalho acabou por ser um ponto de viragem na sua carreira como autor de novelas gráficas?
Definitivamente o álbum "Cash". Foi um enorme sucesso e abriu muitas portas para mim. Antes eu estava a viver uma crise e não sabia se deveria seguir o caminho como criador de BD.
É muito difícil mencionar todos. "Cash" foi traduzido em 15 idiomas, "The Boxer" em 8, acho eu. Este ano vamos ter a versão indonésia de "The Boxer", o que me deixa muito orgulhoso.
Reparo que tem feito trabalhos biográficos sobre figuras públicas (Cash, Castro), há alguma razão especial?
Estou interessado em histórias reais e muitas vezes eu escolho determinadas figuras sem ter pesquisado muito previamente. Aconteceu isso um pouco com a história de Samia Yusuf Omar, o meu último livro. Eu fui imediatamente atraído para esta história porque teve um grande impacto dramático. E foi uma maneira de dizer algo sobre o tema da migração, que é um grande problema na Alemanha. Muitas pessoas não sabem que os imigrantes passam por uma longa odisseia atrás deles antes de subirem a bordo dos navios a partir dos quais tentam chegar à Europa.
O seu trabalho sobre Fidel Castro foi criticado. Isso seria inevitável, sendo ele uma figura controversa?
Ah, sim. Eu gostei que tivessem existido comentários controversos. Eu procurei ser ao mesmo tempo crítico sobre ele e as suas políticas, mas também salientar aspectos positivos. Não pode existir uma visão a preto e branco na política relativa a Cuba. Há sempre vários tons de cinzento.
Qual foi o trabalho acabou por ser um ponto de viragem na sua carreira como autor de novelas gráficas?
Definitivamente o álbum "Cash". Foi um enorme sucesso e abriu muitas portas para mim. Antes eu estava a viver uma crise e não sabia se deveria seguir o caminho como criador de BD.
Pode-nos contar um pouco mais sobre o seu novo trabalho biográfico baseado no músico Nick Cave?
Eu tive essa ideia há muito tempo. Sempre fui um grande fã do Nick Cave e aconteceu que tive contacto com ele e ele gostou da ideia. Agora eu ainda estou a trabalhar no guião, é muito difícil, porque ele não é um personagem fácil. Eu gostaria de contar partes da vida dele através dos olhos dos personagens diferentes. Podem já ver algumas ilustrações em nickcave-comic.com
Quais são os seus projetos no curto e médio prazo?
Estou sem grandes ideias. O livro do Nick Cave está-me a consumir toda a minha energia agora e ainda há um longo caminho a percorrer.
Eu tive essa ideia há muito tempo. Sempre fui um grande fã do Nick Cave e aconteceu que tive contacto com ele e ele gostou da ideia. Agora eu ainda estou a trabalhar no guião, é muito difícil, porque ele não é um personagem fácil. Eu gostaria de contar partes da vida dele através dos olhos dos personagens diferentes. Podem já ver algumas ilustrações em nickcave-comic.com
Quais são os seus projetos no curto e médio prazo?
Estou sem grandes ideias. O livro do Nick Cave está-me a consumir toda a minha energia agora e ainda há um longo caminho a percorrer.
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.