ENTREVISTA A JORGE COELHO
2016-12-21
Biografia
Nasceu em 1977, em Lisboa, Portugal. Bem cedo no jardim-escola apresentaram-lhe as canetas, lápis e pincéis. Nunca mais os largou.
Queria ser o Homem-Aranha mas, eventualmente, num lapso de pragmatismo, optou pela ilustração ou melhor, por desenhar BD!
Estudou Artes Gráficas e Comunicação na Escola de Artes António Arroio, em 1996, com diversos trabalhos de ilustração editorial publicados no Jornal i, Diário de Notícias e na revista AdWeek, entre outros, e ainda ilustração editorial escolar pela Leya Asa II. Fez também ilustração de cenários de animação para a série "Angelitos" da Animanostra e ilustração publicitária para os Cafés Tofa, o Wall Street Institute, bem como storyboards para agências de publicidade como a TBWA, Euro RSCG, Brandia, McCan, Partners e BBDO. Actualmente, trabalha regularmente em Banda Desenhada para o mercado norte americano.
Em Banda Desenhada, ilustrou os livros "Virgin's Trip" para a El Pep, "Venham +5", nº5, para a Bedeteca de Beja, "Outlaw Territory", nº2, para a Image Comics, "Forgetless", também para a Image Comics , "É De Noite Que Faço As Perguntas" para a Saída De Emergência, "Polarity" para a BOOM! Studios e "Venom" para a Marvel Comics.
Podem visitar a sua página de Facebook em: https://www.facebook.com/JCoelho77
Entrevista
Explica a tua relação com a BD desde criança.
Desde muito muito pequeno, talvez três ou quatro anos, quando passeava com o meu pai, que engraçei com os livros de bonecos bem coloridos expostos nos quiosques de rua em Lisboa e Odivelas. Quando os "lia", viajava e vivia aquelas aventuras, e eles mostravam-me um mundo fantástico sem limites. Mais tarde, quando já lia de facto, percebi que as histórias eram feitas por pessoas e eu era uma pessoa, certo? E lá foi crescendo o bichinho...
Quais os autores de BD que são as tuas maiores influências?
Espero que a caldeirada da vida já tenha dissolvido parte das minhas infuências, mas começei por seguir John Byrne, Frank Miller, Jack Kirby, Moebius, Will Eisner, e mais recentemente Frank Quietly, Sean Murphy, tantos artistas...depois vem outra enxurrada de influências da música, cinema, história…
Qual achas que foi o teu trabalho em BD que te permitiu ganhar uma maior projecção no mercado norte-americano. E porquê?
Não tenho dados objectivos. Mas, certamente, ajudou que Polarity, escrito por Max Bemis e publicado pela BOOM! Studios, tenha sido bem recebido, tão bem recebido que estão adaptar a obra para TV, em fase de produção de episódio piloto.
Poderias explicar o teu método de trabalho na criação de BD actualmente?
O meu método é bastante simples: recebo script e, com ele, desenho layouts e o storyboard de todo livro, faço-o de maneira detalhada e é aqui que o trabalho mais criativo acontece, toda a narração, drama, dinamismo e composição são conjurados para o papel nesta fase. Apresento os layouts à equipa, que pode fazer alguns reparos e sugestões e, após aprovados, amplio-os ao formato de uma prancha de BD da Marvel, acerto detalhes de composição, faço as molduras das vinhetas e mudo o traço preto dos layouts para azul clarinho, tudo em digital, e imprimo em folhas de papel Bristol que a Marvel fornece.
Agora é só desenhar, melhoro aspectos do desenho, defino tudo devidamente e arte-finalizo a aparo Deleter Maru e pincel W&N Serie7, com corrector UHU e Posca Branca. Depois de acabada a página, digitalizo, limpo sujidades, acerto num template...et voilá! Enviar.
Como tem sido a tua relação com o mercado norte-americano dos comics?
Opá, não sei… teríamos de perguntar ao mercado norte-americano dos comics! Do meu lado, acho que tem sido impecável, não me posso queixar de nada excepto ainda ter tido pouco tempo para socializar com criadores e pessoas do meio.
Desde muito muito pequeno, talvez três ou quatro anos, quando passeava com o meu pai, que engraçei com os livros de bonecos bem coloridos expostos nos quiosques de rua em Lisboa e Odivelas. Quando os "lia", viajava e vivia aquelas aventuras, e eles mostravam-me um mundo fantástico sem limites. Mais tarde, quando já lia de facto, percebi que as histórias eram feitas por pessoas e eu era uma pessoa, certo? E lá foi crescendo o bichinho...
Quais os autores de BD que são as tuas maiores influências?
Espero que a caldeirada da vida já tenha dissolvido parte das minhas infuências, mas começei por seguir John Byrne, Frank Miller, Jack Kirby, Moebius, Will Eisner, e mais recentemente Frank Quietly, Sean Murphy, tantos artistas...depois vem outra enxurrada de influências da música, cinema, história…
Qual achas que foi o teu trabalho em BD que te permitiu ganhar uma maior projecção no mercado norte-americano. E porquê?
Não tenho dados objectivos. Mas, certamente, ajudou que Polarity, escrito por Max Bemis e publicado pela BOOM! Studios, tenha sido bem recebido, tão bem recebido que estão adaptar a obra para TV, em fase de produção de episódio piloto.
Poderias explicar o teu método de trabalho na criação de BD actualmente?
O meu método é bastante simples: recebo script e, com ele, desenho layouts e o storyboard de todo livro, faço-o de maneira detalhada e é aqui que o trabalho mais criativo acontece, toda a narração, drama, dinamismo e composição são conjurados para o papel nesta fase. Apresento os layouts à equipa, que pode fazer alguns reparos e sugestões e, após aprovados, amplio-os ao formato de uma prancha de BD da Marvel, acerto detalhes de composição, faço as molduras das vinhetas e mudo o traço preto dos layouts para azul clarinho, tudo em digital, e imprimo em folhas de papel Bristol que a Marvel fornece.
Agora é só desenhar, melhoro aspectos do desenho, defino tudo devidamente e arte-finalizo a aparo Deleter Maru e pincel W&N Serie7, com corrector UHU e Posca Branca. Depois de acabada a página, digitalizo, limpo sujidades, acerto num template...et voilá! Enviar.
Como tem sido a tua relação com o mercado norte-americano dos comics?
Opá, não sei… teríamos de perguntar ao mercado norte-americano dos comics! Do meu lado, acho que tem sido impecável, não me posso queixar de nada excepto ainda ter tido pouco tempo para socializar com criadores e pessoas do meio.
Como vês a evolução do mercado de BD em portugal ao longo dos últimos anos?
Muito satisfatória. Creio que as novas tecnologias devolvem alguma autonomia e liberdade de exposição aos artistas e a nova geração de talentos tem feito por agarrar essas novas ferramentas. Talento nunca faltou, mas agora vê-se melhor e essa visibilidade é como luz para as plantas...
Quais são os teus próximos projectos nos próximos tempos?
De oficial nada, mas há sempre alguns pássaros no ar.
Poderias explicar porque é a tua passagem na Escola Secundária António Arroio foi tão importante para ti?
Primeiro, foi uma certa independência, sou irmão mais velho e fui estudar para Lisboa, passei lá todos os dias da semana sem os amigos da rua mas rapidamente conheci uma série de pessoas que me são queridas até hoje, desenvolvi cumplicidades artísticas, conheci a cena da BD lisboeta, colaborei, aprendi e, no fim, volvidos quatro anos, percebi que estava preparado para o mercado profissional e anos depois, vejo-a como uma Grande Escola.
Muito satisfatória. Creio que as novas tecnologias devolvem alguma autonomia e liberdade de exposição aos artistas e a nova geração de talentos tem feito por agarrar essas novas ferramentas. Talento nunca faltou, mas agora vê-se melhor e essa visibilidade é como luz para as plantas...
Quais são os teus próximos projectos nos próximos tempos?
De oficial nada, mas há sempre alguns pássaros no ar.
Poderias explicar porque é a tua passagem na Escola Secundária António Arroio foi tão importante para ti?
Primeiro, foi uma certa independência, sou irmão mais velho e fui estudar para Lisboa, passei lá todos os dias da semana sem os amigos da rua mas rapidamente conheci uma série de pessoas que me são queridas até hoje, desenvolvi cumplicidades artísticas, conheci a cena da BD lisboeta, colaborei, aprendi e, no fim, volvidos quatro anos, percebi que estava preparado para o mercado profissional e anos depois, vejo-a como uma Grande Escola.
Ao longo da tua carreira, quais foram as tuas principais características que nunca te fizeram desistir dos teus sonhos?
Uma série de sortes muito bem preparadas…como bem cedo consegui ir vivendo do desenho, fui-me envolvendo com pessoas interessantes e produtivas em ambientes equivalentes. Descobri depois que, quando assim é, as probabilidades de trabalhares de maneira produtiva e interessante aumentam. Poucos anos depois de já trabalhar como ilustrador freelance em casa, decidi formar um estúdio em LX com três amigos. Nunca imaginei os caminhos aonde isso me iria levar, mas queria experimentar…talvez a curiosidade, o gosto por aceitar desafios e a teimosia de os acabar o melhor possível me tenham ajudado também.
Para terminar, tens algum conselho para jovens desenhadores que procurem enveredar por esta carreira?
Sejam práticos e fazer BD não é nada prático. Costumo dizer que se o desenho fosse atletismo, a BD seria a maratona. Não é porque se quer desenhar que tem de se fazer BD, há muitas aplicações para ilustradores mais rentáveis.
Posto isto, se quiserem mesmo fazer BD, é puro storytelling o coração e segredo deste meio. Quando as imagens contam mil palavras, de preferência as do escritor, estás no bom caminho.
Em termos práticos, o desafio é mostrar o trabalho aos olhos dos editores que se encontram frequentemente em Festivais de BD ou Comic Cons em Portugal e no estrangeiro, nos EUA, Europa e Japão. São os editores os responsáveis por montar projectos, contratar e juntar equipas e colocar tudo em andamento.
Autor: Sérgio Santos.
Futuramente continuarão a ser publicadas entrevistas referentes a várias personalidades de destaque ligadas ao universo da BD.