ENTREVISTA COM FILIPE MELO
2015-07-28
Argumentista, músico e realizador, Filipe Melo aceitou colaborar com a H-alt numa entrevista informal. Criador da trilogia "As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", Filipe revelou-nos também um pouco sobre os seus próximos trabalhos de BD.
Para mais informações sobre o autor, por favor visitem http://www.facebook.com/filipemelopage
Argumentista, músico e realizador, Filipe Melo aceitou colaborar com a H-alt numa entrevista informal. Criador da trilogia "As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", Filipe revelou-nos também um pouco sobre os seus próximos trabalhos de BD.
Para mais informações sobre o autor, por favor visitem http://www.facebook.com/filipemelopage
BIOGRAFIA
Tem trabalhado em várias vertentes artistícas. Na música, é pianista. Estudou no Hot Clube de Portugal e no Berkeley College of Music, em Boston. Já tocou com vários artistas portugueses como Camané e Carlos do Carmo, e integrou a direcção musical do espectáculo "Deixem o Pimba em Paz".
Como realizador, foi autor da curta de terror "I'll See You in My Dreams", vencedora do Fantasporto, e da série "Um Mundo Catita", com Manuel João Vieira, vocalista dos Irmãos Catita e Ena Pá 2000.
É ainda o autor da trilogia de banda desenhada "As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", realizada em conjunto com os ilustradores Juan Cavia e Santiago Villa. Editada pela Tinta-da-China, em português, e pela Dark Horse em inglês, esta história conta-nos as aventuras de um distribuidor de pizzas, um lobisomem de meia-idade e um demónio de 6000 anos, que protegem as ruas de Lisboa de ameaças do outro mundo.
Como realizador, foi autor da curta de terror "I'll See You in My Dreams", vencedora do Fantasporto, e da série "Um Mundo Catita", com Manuel João Vieira, vocalista dos Irmãos Catita e Ena Pá 2000.
É ainda o autor da trilogia de banda desenhada "As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", realizada em conjunto com os ilustradores Juan Cavia e Santiago Villa. Editada pela Tinta-da-China, em português, e pela Dark Horse em inglês, esta história conta-nos as aventuras de um distribuidor de pizzas, um lobisomem de meia-idade e um demónio de 6000 anos, que protegem as ruas de Lisboa de ameaças do outro mundo.
ENTREVISTA
És músico, realizador, argumentista... e autor de BD! Diz-nos, há alguma coisa que não saibas fazer?
Há demasiadas coisas que não sei fazer.
Como surgiu a ideia para fazer o "Dog Mendonça e Pizzaboy"? Tropeçaste na sanita e tiveste uma visão, tipo Doc do 'Back to the Future'? Ou foi algum bichinho que estava por aí a crescer? Conta-nos um pouco sobre este processo criativo.
Na verdade, foi mais ou menos isso. Uma vez tive uma ténia a crescer cá dentro e ,um dia, quando saiu, disse-me que eu ia ter de escrever 3 livros. Deu-me um resumo de cada um deles, e disse-me que seriam um grande sucesso e que possivelmente seriam editados no estrangeiro. Eu limitei-me a seguir os seus conselhos e a transcrever as suas sábias palavras.
O 'Dog' tinha sido originalmente pensado para ser um filme. Porquê esta transformação em BD?
Porque é mais barato. Como diz o grande Alejandro Jodorowsky, a banda desenhada é o cinema dos pobres.
Trabalhaste com o Juan Cavia e o Santiago Villa na criação da vossa trilogia fantástica. Como surgiu a oportunidade para esta colaboração?
Conheci-os no Hi5. Tínhamos interesses comuns e, entre eles, banda desenhada e o tango. Foi tudo muito orgânico e somos amigos até aos dias de hoje.
Visto que alguns de nós na H-alt também estamos a trabalhar com artistas além-fronteiras, podes-nos dizer quais as maiores dificuldades deste processo?
Diria que a maior dificuldade é mesmo a diferença horária. Tenho sempre muito sono quando chega a hora de trabalhar. Outra: os bancos cobram taxas muito altas nas transferências internacionais.
E as maiores recompensas?
Uma vez, um senhor na Fnac disse-nos que não tínhamos direito de acabar com os livros porque ele gostava muito das personagens e não podíamos fazer-lhe isso.
Conheceste também um dos teus maiores ídolos de infância, o George Romero, que até escreveu o prefácio para um dos livros da colecção do Dog Mendonça! Sentiste-te como uma colegial japonesa quando isto aconteceu?
Não! Senti-me como uma pessoa que estava a falar com outra pessoa. É curioso porque as pessoas realmente brilhantes que conheci têm a capacidade de ser normais no trato. O George Romero é assim, não parece estar consciente do legado que nos deixa. Está preocupado com o que ainda vai fazer e não com o que já fez. Foi um grande prazer conhecê-lo e tenho muito orgulho em ter aprendido muito com ele.
Apesar das dificuldades, a BD em Portugal tem vindo a crescer bastante nos últimos anos, fruto da garra de muitos dos nossos artistas. Consideras-te um dos impulsionadores desta arte no nosso país?
Eu sou um só mais um de muitos a tentar fazer as coisas o melhor possível. Fico contente por fazer parte de uma comunidade criativa. Não sou um impulsionador de nada.
E o que pensas do panorama nacional de banda desenhada neste momento? Estamos no bom caminho?
Não penso muito nessas coisas. Conheço óptimos artistas, boas pessoas, e algumas que considero realmente fora de série. Só daqui a muitos anos é que vamos perceber se estávamos no bom caminho ou se isto não fez sentido nenhum.
Tens estado a integrar a produção do espectáculo "Deixem o Pimba em Paz" como director musical. Que outros projectos tens em vista para o futuro que nos possas revelar? Podemos contar com alguma novela gráfica nova nos próximos tempos?
Irei, até Fevereiro do ano de 2016, lançar um livro de banda desenhada de duzentas páginas intitulado "Os Vampiros", uma história de terror passada na Guiné durante a Guerra Colonial, em 1972. Será editado pela Tinta-da-China, como os nossos outros livros. Entretanto, o volume 3 do Dog Mendonça vai sair nos EUA pela Dark Horse algures em Janeiro de 2016.
Na música, estou a preparar um concerto para 4 de Setembro, na abertura da festa do Avante. Vamos tocar música de cinema, vai ser muito divertido.
Por último, se amanhã acontecesse o apocalipse zombie, estarias preparado?
Estaria preparado para ser zombie. Os zombies não fazem 25% de retenção na fonte, teria seguramente uma vida melhor.
Autora: Joana Varanda
Há demasiadas coisas que não sei fazer.
Como surgiu a ideia para fazer o "Dog Mendonça e Pizzaboy"? Tropeçaste na sanita e tiveste uma visão, tipo Doc do 'Back to the Future'? Ou foi algum bichinho que estava por aí a crescer? Conta-nos um pouco sobre este processo criativo.
Na verdade, foi mais ou menos isso. Uma vez tive uma ténia a crescer cá dentro e ,um dia, quando saiu, disse-me que eu ia ter de escrever 3 livros. Deu-me um resumo de cada um deles, e disse-me que seriam um grande sucesso e que possivelmente seriam editados no estrangeiro. Eu limitei-me a seguir os seus conselhos e a transcrever as suas sábias palavras.
O 'Dog' tinha sido originalmente pensado para ser um filme. Porquê esta transformação em BD?
Porque é mais barato. Como diz o grande Alejandro Jodorowsky, a banda desenhada é o cinema dos pobres.
Trabalhaste com o Juan Cavia e o Santiago Villa na criação da vossa trilogia fantástica. Como surgiu a oportunidade para esta colaboração?
Conheci-os no Hi5. Tínhamos interesses comuns e, entre eles, banda desenhada e o tango. Foi tudo muito orgânico e somos amigos até aos dias de hoje.
Visto que alguns de nós na H-alt também estamos a trabalhar com artistas além-fronteiras, podes-nos dizer quais as maiores dificuldades deste processo?
Diria que a maior dificuldade é mesmo a diferença horária. Tenho sempre muito sono quando chega a hora de trabalhar. Outra: os bancos cobram taxas muito altas nas transferências internacionais.
E as maiores recompensas?
Uma vez, um senhor na Fnac disse-nos que não tínhamos direito de acabar com os livros porque ele gostava muito das personagens e não podíamos fazer-lhe isso.
Conheceste também um dos teus maiores ídolos de infância, o George Romero, que até escreveu o prefácio para um dos livros da colecção do Dog Mendonça! Sentiste-te como uma colegial japonesa quando isto aconteceu?
Não! Senti-me como uma pessoa que estava a falar com outra pessoa. É curioso porque as pessoas realmente brilhantes que conheci têm a capacidade de ser normais no trato. O George Romero é assim, não parece estar consciente do legado que nos deixa. Está preocupado com o que ainda vai fazer e não com o que já fez. Foi um grande prazer conhecê-lo e tenho muito orgulho em ter aprendido muito com ele.
Apesar das dificuldades, a BD em Portugal tem vindo a crescer bastante nos últimos anos, fruto da garra de muitos dos nossos artistas. Consideras-te um dos impulsionadores desta arte no nosso país?
Eu sou um só mais um de muitos a tentar fazer as coisas o melhor possível. Fico contente por fazer parte de uma comunidade criativa. Não sou um impulsionador de nada.
E o que pensas do panorama nacional de banda desenhada neste momento? Estamos no bom caminho?
Não penso muito nessas coisas. Conheço óptimos artistas, boas pessoas, e algumas que considero realmente fora de série. Só daqui a muitos anos é que vamos perceber se estávamos no bom caminho ou se isto não fez sentido nenhum.
Tens estado a integrar a produção do espectáculo "Deixem o Pimba em Paz" como director musical. Que outros projectos tens em vista para o futuro que nos possas revelar? Podemos contar com alguma novela gráfica nova nos próximos tempos?
Irei, até Fevereiro do ano de 2016, lançar um livro de banda desenhada de duzentas páginas intitulado "Os Vampiros", uma história de terror passada na Guiné durante a Guerra Colonial, em 1972. Será editado pela Tinta-da-China, como os nossos outros livros. Entretanto, o volume 3 do Dog Mendonça vai sair nos EUA pela Dark Horse algures em Janeiro de 2016.
Na música, estou a preparar um concerto para 4 de Setembro, na abertura da festa do Avante. Vamos tocar música de cinema, vai ser muito divertido.
Por último, se amanhã acontecesse o apocalipse zombie, estarias preparado?
Estaria preparado para ser zombie. Os zombies não fazem 25% de retenção na fonte, teria seguramente uma vida melhor.
Autora: Joana Varanda