A AGENDA
2017-03-21
Existe uma tendência generalizada nos media e na sociedade de consumo em seguir "modas". A título de exemplo, nos últimos anos, uma questão must é a do género. Ironicamente, estas tendências são apresentadas às massas como desenvolvimentos lógicos e inevitáveis da evolução da sociedade. Longe de serem imperativos de uma qualquer lógica evolutiva darwiniana inata da sociedade ou fruto do acaso, estas "modas" são meditadas e planeadas a longo prazo para depois serem ditadas pelos fazedores de opinião dos media, por grandes grupos económicos, por intelectuais e académicos, pelas escolas, pelos partidos políticos e os seus vários tentáculos de poder central ou local, enfim, pelas demais estruturas, serviços, instituições e agentes da sociedade, manifestando-se em coisas tão diversas como uma peça do telejornal ou na mais recente acção de uma qualquer associação recriativa ou cultural. Não existe nenhum devir cíclico inevitável que crie tendências na sociedade, é tudo resultado deliberado de tácticas de propaganda que visam moldar mentalidades e hábitos para... vender.
Existe uma tendência generalizada nos media e na sociedade de consumo em seguir "modas". A título de exemplo, nos últimos anos, uma questão must é a do género. Ironicamente, estas tendências são apresentadas às massas como desenvolvimentos lógicos e inevitáveis da evolução da sociedade. Longe de serem imperativos de uma qualquer lógica evolutiva darwiniana inata da sociedade ou fruto do acaso, estas "modas" são meditadas e planeadas a longo prazo para depois serem ditadas pelos fazedores de opinião dos media, por grandes grupos económicos, por intelectuais e académicos, pelas escolas, pelos partidos políticos e os seus vários tentáculos de poder central ou local, enfim, pelas demais estruturas, serviços, instituições e agentes da sociedade, manifestando-se em coisas tão diversas como uma peça do telejornal ou na mais recente acção de uma qualquer associação recriativa ou cultural. Não existe nenhum devir cíclico inevitável que crie tendências na sociedade, é tudo resultado deliberado de tácticas de propaganda que visam moldar mentalidades e hábitos para... vender.
Como é óbvio, este fenómeno não ocorre apenas a nível de produtos comerciais, acontece nos mais variados ramos da sociedade, abarcando campos tão diferenciados como a cultura ou os comportamentos. Por trás, existe sempre um objetivo claro: controlar. Controlar para dominar. E o domínio vem pelo consumo, claro está. Porque acima de tudo manda o dinheiro e dinheiro é poder. Enquanto se moldam mentalidades, aproveita-se e ganham-se mais uns cobres. A tendência "literária" no meio dos comics, também não escapa à regra. No fundo, o que aqui existe é a necessidade de criar ou encontrar novos públicos, novos consumidores. Os leitores ou fans, não passam de cifrões na cabeça dos editores. Face ao gueto em que o meio de expressão dos comics se encontra (ainda com menos reconhecimento público, académico e monetário do que o graffitti!), os barões editoriais têm vindo lentamente a procurar canais/modos alternativos de venda/divulgação, moldando o trabalho sob novos formatos, leiam-se graphic novels, no caso dos indies. Já no caso dos comic books mainstream, alteram-se personagens de longa duração de acordo com a agenda do dia, vejam-se os recentes exemplos de uma Miss Marvel muçulmana, de um Thor mulher ou do velho Lanterna Verde Alan Scott tornado um jovem gay. A verdade, que os editores e amigos não gostam que se diga, é que não se trata de uma evolução qualitativa, mas sim da forma como se apresenta um produto. A "qualidade", meus amigos, é relativa...
Em concomitância com a agenda geral, os comics têm de ser "relevantes", têm de abordar temas de "interesse" para a sociedade, têm de ser "sérios", "adultos", socialmente "responsáveis", "interventivos" e "transformadores" da sociedade. Na linha da frente desta luta estão as graphic novels: são a Vanguarda! No limiar do futuro, assumem-se como as legítimas herdeiras do meio de expressão. Não há espaço para outros. Salvadoras dos comics, libertam-nos do mal imposto por gerações e gerações de opressão branca e chauvinista. Recorrem sobremaneira à autobiografia, nem sempre assumida. São obras de um narcisismo incrível, quase masturbatórias: Olhem para mim! Coitadinho(a) de mim! Os meus pais sobreviveram ao holocausto! O meu pai era gay! A minha mãe suicidou-se! Ainda me lembro daquelas férias de Verão com a minha mana! A minha mãe traiu o meu pai! Os meus avós faleceram! Oh p'ra mim! mim!! Mim!!! MIM!!!!
Mas alto lá! Não se podem criticar estas pérolas! Isso seria sinal de uma mentalidade fechada e retrógrada, de um espírito reacionário e antidemocrático! É claro que são material do melhor! Os prémios e as críticas demonstram-no! As vendas demonstram-no! Premiadas e recenseadas pelo usual circle jerk do costume, principalmente porque promovem e defendem a agenda do dia, chegam aos escaparates das livrarias do "mundo livre" com tradução nas línguas autóctones e selos de garantia de qualidade. Como não hão-de os nerds de todo o mundo querê-las nas suas prateleiras?
Há que estar atento, caro leitor! A banha da cobra não nos chega só via Marvel ou DC...
- O Desenhador Fantasma